São Paulo, quarta-feira, 17 de janeiro de 1996
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Governo vai vender 51% das ações da Vale

FRANCISCO SANTOS
DA SUCURSAL DO RIO

O ministro do Planejamento, José Serra, disse ontem que o governo deverá vender em uma primeira etapa apenas 51% do capital votante (ações ordinárias) da Companhia Vale do Rio Doce, suficientes para garantir a transferência do controle acionário da empresa para a iniciativa privada.
O governo detém atualmente 76% das ações ordinárias da Vale e 6% das preferenciais (sem direito a voto). A estratégia de vender em partes tem o objetivo de tirar proveito de uma eventual valorização das ações da empresa após a privatização.
Segundo o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), gestor do programa de privatização brasileiro, a reserva de uma parte das ações da empresa para vender após a privatização já foi experimentada aqui, também com sucesso, na CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), privatizada em abril de 93.
O governo também, segundo o BNDES, obteve lucro com a venda após a privatização de parte das ações preferenciais da Usiminas.
Ontem, Serra presidiu a cerimônia de assinatura dos contratos com os dois consórcios que irão avaliar a Vale e definir o modelo de venda da empresa.
O chamado "serviço A", que corresponde somente à avaliação econômico-financeira da empresa, será realizado por um consórcio liderado pela empresa Metal Data Engenharia e Representações e conta com a participação, entre outras, da consultora norte-americana Salomon Brothers.
O consórcio para o "serviço B", que corresponde à avaliação e mais a definição do modelo de privatização e sua efetuação, é liderado pela Projeta Consultoria Financeira e conta com a participação do banco de investimento norte-americano Merrill Lynch.
O primeiro consórcio terá cinco meses para concluir seus trabalhos e o segundo terá seis meses para, além de fazer a avaliação da empresa, apresentar uma minuta do edital de venda da estatal.
Serra disse que o objetivo do governo é vender a Vale ainda este ano. Mas ele não quis afirmar que a privatização ocorrerá efetivamente em 96, preocupado em evitar que problemas que possam surgir durante a preparação da venda, especialmente na área jurídica, possam fazer com que o governo não cumpra a meta traçada.
Light
O governo já admite a hipótese de não conseguir vender a Light Serviços de Eletricidade no dia 13 de março, como está previsto.
Por força de uma decisão judicial, as assembléias de acionistas da empresa para aprovar seu preço mínimo e a cisão da empresa em duas (uma operacional, que será vendida, e outra de participações, que será mantida estatal) não foram realizadas no final de 95, como estava previsto.

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