São Paulo, quarta-feira, 17 de janeiro de 1996 |
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Tumulto impede depoimento anti-Sivam
LUCAS FIGUEIREDO
No início da sessão, o senador Jefferson Peres (PSDB-AM) pediu esclarecimentos ao brigadeiro sobre as afirmações. O brigadeiro afirmou que tinha "coragem moral" e que não iria "retirar uma palavra do que disse". ACM afirmou que a supercomissão não iria ouvi-lo caso não retirasse sua acusação. Frota não voltou atrás. "O senhor não tem moral para acusar o Senado porque barganhou votos quando foi candidato", rebateu ACM, encerrando a sessão. Frota foi candidato a candidato à Presidência pelo PL em 1994. O militar disse que a suspensão de seu depoimento foi premeditada porque ele é um dos maiores críticos do projeto. Na opinião do brigadeiro, a escolha da empresa norte-americana Raytheon não foi transparente. Quando se dirigia à saída do Senado, Frota foi abordado pelo senador Osmar Dias (PSDB-PR). "Palhaço, vou te pegar", gritou o senador. Frota retrucou dizendo que Dias estava se aproveitando da sua imunidade parlamentar. Ao ser chamado novamente de palhaço pelo senador, o brigadeiro devolveu. "Palhaço é você". Dias tentou avançar contra Frota, mas foi contido por seguranças. "Não deixa de ter razão o brigadeiro. Nenhum fato novo surgiu, e o comportamento dos parlamentares tem mudado. Se o Senado aprovar o Sivam, terá dado consistência à afirmação do brigadeiro", declarou o senador Roberto Requião (PMDB-PR). O relator da supercomissão, Ramez Tebet (PMDB-MS), disse que a mudança de opinião de alguns senadores tem justificativas. "Até parece que a gente não conhece política", declarou. Osmar Dias justificou sua reação: "Eu não fui comprado e até tenho dúvidas quanto ao contrato. O brigadeiro é um desqualificado. Merecia uma surra". O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) disse que Frota iria dar mais elementos para a análise do Sivam. Frota coordenou os primeiros trabalhos do Ministério da Aeronáutica para elaboração de um projeto de vigilância e controle do espaço aéreo da Amazônia. Em entrevista à Folha no mês passado, afirmou que o projeto original, chamado Vigilam (Vigilância da Amazônia), previa gastos 42% abaixo do orçado agora. Segundo o brigadeiro, o projeto coordenado por ele, em 1990, foi desvirtuado após interferência da Esca e de empresas estrangeiras. O brigadeiro foi chefe da Comissão de Implantação de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro e vice-chefe do Estado Maior das Forças Armadas, de 1985 a 1987. Ocupou também a direção do Departamento de Pesquisa e Desenvolvimento da Aeronáutica, de 1989 a 1991. Em 93, passou para a reserva. Texto Anterior: Entidades vão protestar contra decreto no DF Próximo Texto: ACM arquitetou previamente reação a Frota Índice |
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