São Paulo, quarta-feira, 17 de janeiro de 1996
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Movimento pede fim de tráfico em Ipanema

DA SUCURSAL DO RIO

Síndicos de prédios dos arredores da praça Nossa Senhora da Paz, em Ipanema (zona sul), organizaram um movimento para remover do bairro o que consideram ser um ponto-de-venda de drogas.
Moradores já chegaram a reunir 6.000 assinaturas em abaixo-assinado, pedindo providências, enviando-o em fevereiro de 95 para o comando do 23º Batalhão de Polícia Militar. Os organizadores do abaixo-assinado reclamam que a PM nada fez.
Segundo o grupo de síndicos, os traficantes seriam mendigos e flanelinhas que se concentram em trecho da rua Joana Angélica, próximo à esquina da rua Visconde de Pirajá. Os mendigos e flanelinhas negam a acusação.
Uma das integrantes do movimento, a moradora M.D., que não quer ser identificada por temer represálias, diz já ter quase perdido as esperanças de uma solução.
Para justificar seu pessimismo, ela lembra que no prédio número 70 da rua Joana Angélica, em frente ao que seria o ponto do tráfico, mora Conceição Luz, mãe do chefe de Polícia Civil, delegado Hélio Luz.
"O Hélio Luz está sempre visitando a mãe. Se mesmo assim não resolvem o problema, que solução podemos esperar?", questiona.
Ela também critica a PM, que iniciou a repressão ao consumo de maconha na praia, mas não estaria atuando contra o tráfico na rua.
Moradores afirmam que os traficantes e assaltantes gravitam em torno de uma mendiga antiga do bairro, conhecida como "a Gorda". Ela daria cobertura para a ação do grupo, que teria com um dos líderes o flanelinha Paulo Roberto Gomes, 39, conhecido como "Bel".
M.D. diz que os problemas com assaltos e o tráfico começaram há cerca de dois anos -e que a venda de cocaína aumenta muito quando começam as aulas na faculdade Cândido Mendes, que fica na rua Joana Angélica.
Um estudante da faculdade confirmou que colegas compram cocaína no local. A moradora M.D. afirma que frequentadores de casas noturnas também compram a droga no ponto da Joana Angélica.
Uma funcionária da administração da igreja Nossa Senhora da Paz diz que há cerca de um ano e meio alguns mendigos furtaram um crucifixo da igreja. Foi dada queixa na polícia, mas os mendigos continuaram no local.

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