São Paulo, quarta-feira, 17 de janeiro de 1996
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Juros sobem no over e Bolsa paulista recua

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

As taxas de juros subiram ontem tanto no over-Selic (títulos públicos) como no CDI (títulos privados).
É um reflexo do leilão de BBCs, que vai promover hoje um "enxugamento" previsto pelo mercado em R$ 1,3 bilhão.
A liquidez mais apertada, esperam os analistas, vai levar os juros para cima.
Muitas instituições, aproveitando-se dessa expectativa, engordaram ontem seus caixas.
Se tudo der certo, vão reemprestar a outros bancos por 3,6% um dinheiro que custou 3,4%. Se tudo der errado, o dinheiro fica depositado no BC (para compor as médias do recolhimento do compulsório).
Na prática, a liquidez que iria ficar apertada hoje, ficou apertada ontem mesmo. O BC nem interveio no mercado.
Mas, de qualquer maneira, parece ser um erro atribuir ao BC uma grande preocupação com o grau de liquidez do mercado.
A política do governo é muito mais fixar um preço para o dinheiro (a taxa de juros) do que controlar a quantidade de dinheiro que circula na economia.
Até porque, o governo sabe e deseja, ao fixar o preço do dinheiro nas nuvens, entra dólar (que vira real e aumenta a liquidez).
Este mês, até segunda-feira, as entradas superaram as saídas no mercado do dólar comercial (exportações e importações) em US$ 1,321 bilhão -um verdadeiro caminhão.
No mercado futuro, as taxas de juros também subiram ligeiramente ontem. Para muitos bancos, os preços já tinham atingido o "piso" esperado. Era a hora de realizar lucro.
A Bolsa, que começou o dia com forte alta (comemorando a vitória governista com o acordo da Previdência), fechou com baixa de 0,99%.
Foi basicamente um movimento de realização de lucros, cuja maior justificativa é mesmo as altas das últimas semanas. No preço das ações já está computado a reforma da Previdência, a consolidação da base governista no Congresso etc.
Mas, alguns analistas atribuíram o movimento de queda à confusão, com direito a bate-boca, na comissão do Senado que investiga o caso Sivam.

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