São Paulo, quarta-feira, 17 de janeiro de 1996
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Pedidos de falência disparam em janeiro

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

O ano começa com 277 pedidos de falência na cidade de São Paulo. Esse número foi registrado na primeira quinzena do mês e representa um salto de 255% sobre o verificado em igual período de 1995 (78 pedidos).
O levantamento foi feito pela Associação Comercial de São Paulo. Segundo a entidade, 12 falências foram decretadas nas duas primeiras semanas deste mês e apenas uma, em igual período do ano passado.
Foram 12 os pedidos de concordata registrados até agora. No ano passado foram três, no período.
As concordatas deferidas somam três neste ano e zero em igual período de 1995.
Marcel Solimeo, economista da associação, diz que esse aumento no número de falências e concordatas, em relação a 1995, já era esperado.
"Em janeiro do ano passado ainda havia a euforia de consumo provocada pelo Plano Real e o comércio estava vendendo muito bem", explica ele.
Os pedidos de falência e de concordata neste mês são, no entanto, 64,6% e 25%, respectivamente, menores do que os da primeira quinzena do mês passado.
"É normal a queda em janeiro sobre dezembro por causa das férias no Fórum", diz Solimeo.
Inadimplência
O atraso no pagamento de carnês continua alto. Na primeira quinzena deste mês foram registrados 67.009 carnês em atraso (mais de 30 dias). Isso significa um aumento de 19% sobre igual período do ano passado, quando foram computados 56.194.
O número de carnês em atraso já foi bem maior -por exemplo, somou 246 mil em abril do ano passado-, mesmo assim, diz ele, eles pesam contra o consumo.
"Quem está inadimplente deixa de ter acesso ao crediário." Samuel Klein, proprietário da Casas Bahia, diz que o índice de inadimplência da sua empresa é da ordem de 8% sobre o faturamento. Antes do real girava em torno de 3%.
Segundo Solimeo, o comércio está trabalhando com estoque baixo e vai repor com cautela os produtos.
Oiram Corrêa, economista da Federação do Comércio do Estado de São Paulo, lembra que o movimento de consumo, no ano passado, foi tão forte em janeiro, que o governo precisou adotar medidas para conter a euforia de compras.
Na análise de Solimeo, a indústria e o comércio devem fechar janeiro com desempenho inferior ao do ano passado.
"Só os setores automobilístico e eletroeletrônico devem crescer neste mês." Corrêa também vê um janeiro de fraco consumo.

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