São Paulo, quarta-feira, 17 de janeiro de 1996
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Construção fecha 1995 com desemprego recorde

LUIZ ANTONIO CINTRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A construção civil fechou 126 mil postos de trabalho em 1995 e entra em 1996 com o menor nível de emprego da história do setor no Estado de São Paulo -567 mil trabalhadores.
A situação é ainda mais grave quando se compara o atual número de vagas no setor com o do início de 1990. Nessa ocasião, a construção civil empregava em São Paulo 1,130 milhão de pessoas.
O crescimento do desemprego na construção confirma o que vem ocorrendo na indústria paulista como um todo.
Segundo balanço divulgado no início do ano pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), a indústria paulista fechou, em 1995, 179.874 vagas.
Apenas na Grande São Paulo o número de desempregados somou em novembro de 95 13,7% da PEA (População Economicamente Ativa) -1,137 milhão de pessoas- diz o Seade/Dieese.
No caso da indústria da construção civil, o setor que mais fechou postos de trabalho foi o de obras públicas, cujo nível de emprego caiu 27% no ano passado.
Em seguida aparece o setor imobiliário, que reduziu em 22,6% o total de trabalhadores empregados. A exceção foram as construções industriais e as comerciais, que tiveram o nível de emprego reduzido em apenas 1,6%.
Dois fatores são apontados pelo Sinduscon (Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo) como os principais responsáveis pelo maior desemprego.
Em primeiro lugar, a falta de recursos para financiar a compra de imóveis. E, em segundo lugar, as altas taxas de juros no país.
Além desses dois fatores macroeconômicos, há um específico da construção civil, criado pela medida provisória da desindexação, em maio de 95, proibindo a cobrança do resíduo inflacionário nos contratos de financiamento de imóveis.
Novos empregos
"A tendência agora é que o emprego pare de cair. Mas para voltar a crescer será preciso mais recursos e juros muito menores do que os atuais", diz Eduardo Zaidan, vice-presidente do Sinduscon.
Segundo cálculos do sindicato, a indústria da construção civil gera um emprego a cada US$ 18.634,00 que são investidos no setor.
Assim, apenas para recuperar o nível de emprego do início do ano passado -ou seja, as 126 mil vagas fechadas-, o setor precisará investir US$ 2,3 bilhões.
Custos
O custo da construção civil no Estado de São Paulo cresceu no ano passado 35%. Materiais subiram 22% e mão-de-obra, 49,7%. Somente em dezembro, a alta registrada no custo total foi de 1,82%.

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