São Paulo, sexta-feira, 19 de janeiro de 1996
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Dez levantam peso para um tentar o ouro na Olimpíada

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

"São dez lutando por um." A frase, do atleta Joel Fridman, campeão brasileiro juvenil em 95 na categoria até 76 kg, define a situação que vive o levantamento de peso no Brasil.
Para que o país leve um representante para Atlanta, a equipe tem que ficar entre as três primeiras colocadas no Sul-Americano de abril, a ser realizado em Montevidéu (Uruguai).
A mudança no sistema de classificação para a Olimpíada pode deixar o Brasil sem nenhum atleta no levantamento de peso.
Edmílson da Silva Dantas, único representante brasileiro nos Jogos Olímpicos de Seul, em 88 (21º colocado), e Barcelona, em 92 (18º), depende da atuação dos outros nove que forem ao Uruguai com a delegação para obter sua vaga em Atlanta.
"Antes, o sistema era mais fácil e mais simples", lamentou Edmílson. "Bastava você conseguir o índice individual estabelecido para sua categoria que ficava com a vaga para a Olimpíada."
Como o Brasil passa a depender do trabalho de equipe, Edmílson sugere uma pré-temporada. "Precisamos treinar todos juntos pelo menos uns 15 dias antes do Sul-Americano."
A sugestão do levantador, porém, enfrenta os problemas do esporte no Brasil para virar realidade. A Confederação Brasileira de Levantamento de Peso alega falta de recursos para manter o grupo reunido e treinando.
"Precisaríamos de um centro de treinamento, que, no Brasil, simplesmente inexiste", disse Laércio Martinez, presidente da entidade.
Ele sugere que os atletas sejam autodidatas. "Cada um vai ter que lutar por conta própria."
A primeira chance de o Brasil mandar levantadores de peso para os Estados Unidos foi desperdiçada em novembro de 95, no Mundial disputado na China.
Garantiram vagas nos Jogos de Atlanta os 34 países mais bem colocados no Mundial.
Na ocasião, o Brasil, 52º colocado entre os 74 participantes, competiu com apenas dois atletas (Edmílson, na categoria até 99 kg, e Antônio Parente de Souza, na até 83 kg), pagos pelo Esporte Clube Pinheiros.
A derradeira chance de o Brasil mandar um atleta para Atlanta ficou sendo o Sul-Americano, de 8 a 12 de abril.
"Agora, é tudo ou nada", disse Edmílson. "Todos terão que dar o máximo para ficarmos entre os três primeiros."
A Argentina é a favorita para ficar com uma das três vagas. A segunda deve ser da Venezuela. A terceira tende a ficar com Brasil ou Uruguai, que tem a vantagem de abrigar a competição.
A Colômbia, que domina o esporte na América do Sul, obteve classificação na China.

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