São Paulo, sexta-feira, 19 de janeiro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Grandes clubes lançam plano para conter gastos

ARNALDO RIBEIRO
DA REPORTAGEM LOCAL*

Os 24 clubes que participam da primeira divisão do futebol brasileiro decidiram lançar um plano para tentar minimizar a grave crise financeira que atravessam.
As principais medidas do plano, definido na última terça-feira, em reunião no Rio, atingem diretamente os jogadores.
Após anunciarem o fim dos "bichos" (prêmios pagos por vitória aos atletas), os dirigentes pretendem também acabar com as "luvas" (complementação salarial concedida na assinatura de um contrato).
"Como não podemos mexer nos salários dos jogadores, que já atingem os astronômicos padrões europeus e estão previstos em contrato, modificamos o sistema de premiações", disse o presidente do Flamengo, Kleber Leite.
"O futebol brasileiro está fora da realidade. Se não tomássemos essas medidas, iríamos todos, rapidamente, para o buraco. É uma solução emergencial", afirmou Fábio Koff, presidente do Grêmio e do Clube dos 13.
"Os clubes não podem gastar mais do que arrecadam", disse Seraphim del Grande, vice-presidente do Palmeiras.
Assim, os "bichos" por cada vitória passam a ser "simbólicos" e acabarão substituídos por uma premiação ao final de cada campeonato, "por objetivo conquistado", levando em conta a colocação da equipe no torneio.
Se o time for campeão, por exemplo, os jogadores irão repartir 20% da renda líquida obtida pelo clube durante toda a competição.
Ainda segundo o plano, as "luvas" não seriam mais pagas no ato de assinatura do contrato do atleta.
"Elas seriam acrescidas ao salário mensal do jogador e diluídas durante o tempo de contrato. Ou seja: se o atleta assinar um contrato por um ano, as luvas seriam divididas em 12 vezes", disse Koff.
O técnico Telê Santana, do São Paulo, concordou com as medidas adotadas pelos dirigentes.
"Não é que os jogadores não mereçam. Mas os clubes não têm condições de pagar o que eles ganham atualmente", afirmou.
Os jogadores, no entanto, se revoltaram. O atacante Romário, do Flamengo, chegou a propor uma greve geral, em repúdio às novas medidas. Mas, até o momento, ele não conseguiu adesões (leia texto ao lado).

Texto Anterior: De pai para filho
Próximo Texto: Atletas temem pelos mais jovens
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.