São Paulo, domingo, 21 de janeiro de 1996
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'Scanner' fará pesquisa dentro de casa

CÉLIA DE GOUVÊA FRANCO
DA REPORTAGEM LOCAL

A partir do próximo ano, um aparelho semelhante aos leitores de códigos de barra dos caixas dos supermercados começará a ser instalado em centenas de casas em diferentes cidades brasileiras.
Às donas dessas casas, será pedido que passem pelo "scanner" todos os produtos que comprarem, de forma que o aparelho "leia" as informações que constam do código de barras impresso nas embalagens, hoje já bastante comum entre os itens encontrados em grandes lojas e supermercados.
O próprio aparelhinho vai, em seguida, transmitir as informações para uma central, por meio da linha telefônica. Nas casas em que não existe telefone, o "scanner" vai trazer embutida uma peça usada nos telefones celulares, que vai permitir a transmissão dos dados.
A instalação desses aparelhos faz parte de um projeto para se conhecer melhor os hábitos e preferências dos consumidores brasileiros a ser implantado pelo Instituto Nielsen, uma empresa de origem americana especializada em pesquisa sobre o comércio varejista, audiência de televisão e mercado publicitário, como explica seu presidente para a América Latina, Andrea Buscaglia, 47 anos.
Um sistema de medir de imediato as compras dos consumidores já existe em outros países, nos Estados Unidos, na Europa, na Colômbia e no México. Na maioria desses países, é utilizado um método de pesquisa diferente, mais tradicional, em que pesquisadores vão às casas periodicamente ou em que as donas-de-casa escrevem num diário todas as compras que fazem.
No Brasil, a intenção de implantar esse painel dos consumidores, como é conhecido o programa na Nielsen, já existia há cerca de dois anos. Mas os planos foram congelados, em parte porque se deu preferência a outros projetos, como o de medição de audiência de televisão, que deve apresentar seus primeiros resultados em março e no qual foram investidos cerca de US$ 5 milhões, numa parceria com o SBT.
O painel do consumidor vai começar a ser implantado a partir de 1997, com um investimento inicial de US$ 4 milhões a US$ 5 milhões porque a Nielsen está passando por um processo de reestruturação internacionalmente, diz Buscaglia. Nos seus primeiros 40 anos de vida, a Nielsen foi uma empresa independente, até ser comprada há 10 anos pelo grupo americano Dun & Bradstreet, que atua nos setor de informações financeiras e de mercados.
Essa compra permitiu que a Nielsen crescesse muito nos últimos anos, instalando-se em mais de 50 países nesse período. A orientação dos dirigentes da Dun & Bradstreet sempre foi, porém, conceder dividendos o mais elevado possível para seus acionistas.
O que significa que os investimentos internos não eram no valor necessário para tocar todos os projetos desejados pelos clientes da Nielsen, especialmente porque muitos desses programas exigem que se invista muito em tecnologia, o que é caro.
Depois de meses de negociação, os dirigentes da Dun & Bradstreet decidiram, no início de janeiro, dividir o grupo em três empresas, totalmente separadas entre si. Uma dessas empresas é a Nielsen, que volta, portanto, a ser uma companhia independente, com uma previsão de faturamento da ordem de US$ 1,3 bilhão ao ano.
As outras duas empresas são a Cognizant (especializada em dados sobre saúde e tecnologia) e a Dun & Bradstreet (atuando no setor de informações financeiras).
A nova filosofia de trabalho da Nielsen, segundo Buscaglia, será investir pesadamente nos próximos três anos para ampliar a oferta de produtos para seus clientes. No Brasil, aproximadamente 400 empresas são suas clientes.

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