São Paulo, domingo, 21 de janeiro de 1996
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Projeto italiano dá a 'oriundi' cargo político

CLÁUDIA MATTOS
DA SUCURSAL DO RIO

Além do passaporte, um outro documento pode passar em breve a ser cobiçado pelos descendentes de italianos: o título de eleitor.
Projeto já aprovado em primeira instância dá aos "oriundi" espalhados por todo o mundo o direito de influir na política, elegendo deputados e senadores.
A Comissão de Justiça do Parlamento da Itália aprovou no final do ano passado projeto de lei que permite a criação de colégios eleitorais fora das fronteiras da Itália. Para se tornar lei, o projeto depende ainda da aprovação do plenário.
O brasileiro Tobias José Zuccolotto, 36, que é vereador da cidade italiana de Ameglia (noroeste da Itália), disse que o projeto prevê a criação de seis colégios eleitorais: um na América do Norte, um na América do Sul, um na Oceania, um somando Ásia e África e dois na Europa.
O projeto prevê que um cidadão de qualquer nacionalidade que tenha também a cidadania italiana terá direito a voto.
Zuccolotto acredita que, com a atual composição do Parlamento italiano, a lei será aprovada.
A Embaixada da Itália no Brasil acredita que o projeto será votado ainda este ano. Pasquale Matafora, adido de imprensa da embaixada, aposta na vitória dos que defendem o voto dos "oriundi" (cidadãos que têm origens na Itália mas vivem em outros países).
"É claro que há uma corrente que se opõe ao projeto por não concordar que pessoas que nem conhecem a Itália ou que estiveram no país uma ou duas vezes apenas a passeio possam interferir nos assuntos internos italianos", disse Matafora.
"Mas a Itália só tem a ganhar com isso. As perspectivas em termos de colaboração na área comercial são enormes e em termos de desenvolvimento das próprias comunidades são incríveis", diz.
A maior discussão no Parlamento deverá ser tratar do número de representantes que caberá a cada colégio eleitoral.
"Esta vai ser uma grande briga. Outra briga será estabelecer as regras para a candidatura. Ainda não se sabe se qualquer pessoa que tenha o passaporte italiano poderá se candidatar ou se só poderá ser candidato quem optar exclusivamente pela cidadania italiana", afirmou.
A embaixada não dispõe de dados precisos sobre os descendentes italianos com direito a cidadania, mas Matafora acredita que, em números absolutos, o Brasil tenha a maior comunidade.

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