São Paulo, domingo, 21 de janeiro de 1996 |
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Votação é 1º teste para democracia na região
CLÓVIS ROSSI
A esse respeito, mesmo os palestinos estão divididos. Tanto que faz sucesso, em Ramallah, uma peça teatral, "Democrata 'a Força", na qual se satiriza a corrupção, o nepotismo e métodos violentos dos candidatos à eleição. "Temos todos os elementos para formar mais um daqueles típicos regimes árabes: autocráticos, corruptos, centralizados e repressivos", diz Hassan Khaled, poeta recém-chegado do exílio na Tunísia que ensina jovens. A revista britânica "The Economist", em recente dossiê sobre o mundo árabe, listou como democráticos apenas 6 de 39 países de grande população muçulmana. Assim mesmo, a revista aplicou o rótulo ao Líbano e à Jordânia, o que dificilmente será consensual. Reforça Mark Heller, da Universidade de Tel Aviv: "Não há lei de ferro da história que impeça uma democracia palestina de funcionar, mas nem a experiência dos países árabes nem a específica da ANP são promissoras". A eleição palestina dificilmente seria considerada livre e justa se medida pelos padrões das grandes democracias ocidentais. "Arafat já disse que só precisa de 51% dos votos para governar, não dos 99% de outros países árabes", diz Carlos Dabdoub, um chileno-palestino de um escritório da ANP em Jerusalém oriental. A questão é saber se as frequentes perseguições a opositores e jornalistas não vão jogar os 49% restantes numa rota de contestação. Pode ser que não, mas há tantas dificuldades que Arafat teria brincado com o premiê israelense, Shimon Peres, conforme este relata: "Democracia? Quem inventou isso. É tão cansativo". (CR) Texto Anterior: Tranquilidade marca votação palestina Próximo Texto: Palestinos se abstêm nas áreas de Israel Índice |
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