São Paulo, domingo, 21 de janeiro de 1996
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sessentão em (re)forma

CRISTINA ZAHAR

Congonhas chega aos 60 anos com o maior movimento de aeronaves da América Latina e vai ganhar uma ampla reforma
O projeto custa US$ 100 milh~es e prevê 5.100 vagas de estacionamento
A iniciativa é da Infraero (Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária). Ela administra o aeroporto desde 1981 e passará a ser a dona de Congonhas assim que oficializar a compra do terreno junto ao governo de São Paulo, seu atual proprietário.
Com o dinheiro -cerca de R$ 1,4 bilhão, valor que inclui ainda a aquisição dos aeroportos de Viracopos e Cumbica-, o governador Mário Covas saldará parte da gigantesca dívida do Banespa (R$ 14 bilhões) junto à União.
A perspectiva de botar as mãos definitivamente sobre Congonhas incentivou a Infraero a abrir concorrência para começar as obras. A ampliação da pista auxiliar e a reforma do saguão foram iniciadas no final do ano passado. A concorrência para a construção das novas garagens já foi encerrada e o contrato deve ser assinado nos próximos dias.
De linhas arredondadas, o projeto leva a assinatura do arquiteto Sergio Roberto Parada, responsável pela reforma do aeroporto de Brasília. Prevê a revitalização de Congonhas dentro de seus 1.638.183,71 m2, pois não há espaço para ampliação. "A idéia é reformar o aeroporto sem que ele perca suas características originais, as linhas modernistas dos anos 40", diz Parada.
Embora as obras só devam estar concluídas no prazo mínimo de dez anos, os "habitués" de Congonhas já vão notar algumas mudanças. O saguão principal e a ala norte do terminal de passageiros (onde hoje fica a ponte aérea) começaram a ser remodelados em outubro do ano passado. As obras devem estar prontas até junho deste ano.
O objetivo é aumentar a área comercial, reformar os banheiros, realocar a delegacia, aproveitar a iluminação natural no corredor de acesso à ala norte e construir uma capela para alojar a padroeira dos aviadores, Nossa Senhora do Loreto.
A pista auxiliar, de 1.437 m, está sendo ampliada em 100 m. Deverá estar liberada já em abril, sendo que as obras complementares só terminam em junho.
A mudança mais visível deverá ser a construção, a partir do segundo semestre deste ano, do primeiro edifício-garagem, com 2.550 vagas distribuídas em sete andares. Cinco pisos serão subterrâneos -a lei não permite edificações muito altas próximas à pista. O prazo para o fim da obra é de 18 meses corridos.
Estacionar em Congonhas hoje é problema. Os dois bolsões somam mil vagas, insuficientes para atender o movimento diário do aeroporto. Por isso, o projeto prevê mais um edifício-garagem de 2.550 lugares.
Dimas Mietto, gerente de produto da Gessy Lever, costuma usar o aeroporto de Congonhas pelo menos uma vez por mês. Ele acha que a construção das garagens vai aliviar o problema do estacionamento. "Sempre deixo meu carro no aeroporto, mas não é todo dia que há vaga."
A Infraero estima em US$ 100 milhões o custo total do projeto. "Como é uma obra de longo prazo, porque o aeroporto não pode parar, esse valor pode ser alterado", afirma o superintendente de Congonhas, brigadeiro José Maria de Faria.
O projeto prevê ainda a construção de um hotel quatro estrelas de 12 andares. A área de embarque e desembarque (a atual ala sul, onde é feito o desembarque), será ampliada. O espaço da antiga ala norte deverá virar um centro de compras.
O toque futurista ficará por conta das passarelas aéreas que ligarão as garagens e o hotel ao terminal de embarque. Com estrutura em vidro e ferro, serão dotadas de esteiras rolantes que conduzirão os passageiros direto ao aeroporto.
A modernização do terminal de passageiros, com a instalação de "fingers" (acoplados aos aviões, permitem o embarque e desembarque direto, sem tráfego pela pista), está prevista para começar neste ano. A prefeitura deve construir alças de acesso nas duas mãos da Washington Luiz, eliminando semáforos.
A grandiosidade do projeto deve trazer novo alento à região. Situado no Campo Belo (zona sul) desde abril de 1936, Congonhas é uma referência da cidade. Mesmo sem os vôos internacionais, que passaram para Cumbica em 85, o aeroporto recebe 13 mil passageiros/mês e realiza média diária de 424 pousos e decolagens. Atende 56 cidades brasileiras, conta com nove empresas aéreas e emprega 10.518 pessoas (empregos diretos e indiretos).
O movimento de passageiros cresceu 17,42% no ano passado em relação a 94. Também houve aumento de pousos e decolagens (8,19%). Para o superintendente Faria, isso se deve em parte "ao sucesso do Plano Real". Em 95, o aeroporto recebeu 4,77 milhões de passageiros contra 3,35 milhões em 94.

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