São Paulo, terça-feira, 23 de janeiro de 1996
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Nossa Caixa fecha ano com ajuste e problemas

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de um ano de ajustes, a Nossa Caixa-Nosso Banco, a segunda instituição financeira do governo paulista, já consegue andar com as próprias pernas e não depende mais do socorro do Banco Central.
É um banco que vive de suas receitas próprias e que fez um lucro de R$ 40 milhões no ano passado.
Mas continua com um problema estrutural de médio prazo. Dos R$ 8 bilhões que a Nossa Caixa tem emprestado para diversos clientes, R$ 3,6 bilhões são para o próprio governo paulista.
Há um ano, essa dívida do governo paulista era de R$ 2,4 bilhões. Ou seja, cresceu mais de R$ 1 bilhão em um ano.
Acontece que, com o Banespa sob intervenção do Banco Central, o governo paulista não pagou nem um centavo.
O presidente da Caixa, Geraldo Gardenali, o banco continuaria equilibrado e lucrativo se fosse retirada de seu balanço toda a operação com o governo de São Paulo.
Gardenali, que tomou posse em 18 de janeiro de 1995, promoveu um rigoroso ajuste na instituição para adaptá-la à vida sem inflação e o lucro obtido com investimento do dinheiro parado dos clientes.
Reduziu o número de funcionários em quase 20% (com economia de R$ 70 milhões), fechou agências e postos, cortou R$ 22 milhões nos gastos com publicidade e outros R$ 10 milhões em despesas administrativas.
Paralelamente, ganhou receita. Há um ano, a administração de fundos de investimento rendia R$ 1,3 milhão ao mês. Hoje, rende R$ 3,7 milhões. A receita com serviços triplicou, de R$ 3 milhões para R$ 9 milhões ao mês. Além disso, investiu R$ 12 milhões em processo de automação bancária.
Funcionou. Há um ano, a Nossa Caixa estava pendurada no Banco Central. Todo dia precisava tomar recursos emprestados no BC para fechar suas contas. Além disso, com credibilidade baixa, pagava juros caros quando tomava emprestado de outros bancos.
Em junho do ano passado, conseguiu sair do socorro do BC e não voltou mais, assegura Gardenali. No mercado privado, opera com taxas de juros regulares.
O governador Mário Covas gosta de apresentar a Nossa Caixa como o modelo do que poderia ter feito no Banespa, caso não tivesse ocorrido a intervenção. Argumento difícil de provar, pois o problema da Caixa era muito menor.

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