São Paulo, terça-feira, 23 de janeiro de 1996
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Todos os pastores do Rio terão de depor

DA SUCURSAL DO RIO

Todos os pastores da Igreja Universal do Reino de Deus no Estado do Rio terão de depor na superintendência carioca da PF (Polícia Federal). Presidente do inquérito aberto contra a Universal, o delegado Matheus Martins Casado enviou à Universal ofício em que pede nomes, endereços e localização dos 368 templos no Estado.
A PF abriu o inquérito a pedido dos procuradores da República Alex de Miranda e Artur Gueiros, representantes do MPF (Ministério Público Federal).
O inquérito investiga as supostas práticas de sonegação fiscal, evasão de divisas e formação de quadrilha por lideranças e empresas ligadas à igreja. Para se defender das acusações, a Universal contratou os advogados Arthur Lavigne e Evaristo de Moraes Filho, defensor do ex-presidente da República Fernando Collor durante o processo de impeachment.
Lavigne disse que o fato de todos os pastores serem intimados caracteriza "perseguição religiosa". "Ao chamar pastores em geral, a PF está questionando não a prática de um suposto delito, mas a própria existência da igreja", afirmou ele.
Lavigne acompanhou à tarde o depoimento da advogada Maria de Almeida Silveira Gontijo, sócia da empresa LM Consultoria e Participações, considerada pelos procuradores como o "braço financeiro" da Universal. Gontijo disse na PF que exerce na LM a chefia do Departamento Jurídico. Ela afirmou não ser responsável pelas movimentações financeiras e contas bancárias da LM.
Lavigne e Moraes Filho estudam medidas jurídicas a serem adotadas no decorrer do inquérito. Eles disseram ser inconstitucional a apreensão de documentos pela PF em endereços da Universal no Rio e São Paulo, ordenada na semana passada pelo juiz Guilherme Calmon, da 25ª Vara Federal.
"Só se pode fazer busca e apreensão para comprovar determinado fato. O que ocorreu foi uma verdadeira devassa criminal. Foram lá como se estivessem procurando crimes", disse Lavigne.
Nesta semana, representantes do MPF e da Justiça Federal em São Paulo poderão se deslocar para o Rio para examinar os documentos apreendidos.

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