São Paulo, terça-feira, 23 de janeiro de 1996
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Reclamações

FÁBIO SORMANI

Torcedores do Chicago Bulls estão me cercando em quase todas as partes por onde passo. Eles protestam contra esta coluna por pensarem que estou contra o time de Michael Jordan.
O leitor Adilson José da Silva, de São Paulo, por exemplo, diz que sou parcial por ser torcedor do Orlando Magic. Adilson enviou uma carta à esta Folha protestando, muito embora em boa parte de sua missiva ele tenha elogiado este colunista -obrigado, Adilson!
Fernando Versianni, do Rio, me telefonou na semana passada dizendo que eu estou maluco por afirmar que Scottie Pippen é mais completo do que Michael Jordan.
Quanto ao fato de "estar sendo parcial" por ter escrito as duas últimas colunas do ano passado sobre os dois times da Flórida -isso mesmo, sobre os dois times-, o fato é que eu me encontrava nessas duas cidades, assisti a quatro partidas dessas equipes e, naquele momento, estava envolvido com aquela realidade, muito embora não tenha deixado de mencionar, creio eu, os fatos importantes relacionados com a NBA.
Adilson, você quer saber para que time torço? Para todos, de verdade. Gosto do basquete da NBA e não deste ou daquele time. Há momentos em que uma equipe contagia a todos, e que você quer assisti-la. Diria a você que, neste instante, acredite, o Chicago é o time que eu tenho mais prazer em ver jogar, por tudo o que tem feito nesta temporada.
Vamos agora ao Fernando, que pede internação para mim. Fernando, o fato de um jogador ser mais completo em fundamentos do que outro não significa que ele seja melhor. Não há a menor dúvida de que Michael Jordan é o Pelé do basquete -e isso eu já escrevi várias vezes aqui neste espaço.
O fato de Pippen ter os fundamentos mais definidos não significa que MJ não os tenha também. Agora, o que torna Michael melhor do que qualquer um é a sua sede de vitória, é o seu desejo pelos momentos decisivos, sua vontade de brilhar, sua gana e, mais do que tudo isso, o fato de ele não conhecer a palavra "medo".
MJ não tem medo de nada quando está em quadra. Não tem medo de errar, de acertar, de jogar, de pressão, de cara feia, de porrada, de torcida contra, decidir, enfim, nada o intimida.
E, no basquete mundial, desde o seu surgimento, só Michael Jordan parece ter conseguido excluir esse sentimento de sua personalidade, sentimento este que muitas vezes nos impede de ser grande.

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