São Paulo, terça-feira, 23 de janeiro de 1996
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O PC pelado

MARIA ERCILIA
DA FOLHA ONLINE

Quando a Oracle anunciou, no final do ano passado, que ia fabricar um computador de US$ 500, ninguém deu muita bola. Seria uma máquina desenhada para redes, que conteria apenas o hardware essencial e executaria programas diretamente na Internet. Uma espécie de PC pelado.
Bill Gates zombou da idéia de seus rivais, dizendo que ninguém ia querer colocar um "terminal burro" na mesa a estas alturas do campeonato.
Mas na semana passada a Oracle apresentou um protótipo de seu PC Internet, numa feira no Japão, provando que não se tratava de "vaporware" (apelido de produtos que são anunciados, mas jamais chegam a ser produzidos de fato). Ele deve estar no mercado americano no meio deste ano, por US$ 495. Tem um processador, modem, oito megabytes de memória RAM, teclado e mouse.
O conceito tem seus atrativos: o novo PC custa menos de um quarto do Pentium multimídia dos seus sonhos e a Oracle promete também que ele simplificará o acesso à Internet, trazendo o famoso "plug-and-play" à rede. Pode ser ligado ao monitor da TV ou a um monitor de computador comum.
Tostadeira eletrônica
A idéia começa a pegar. Compaq, Apple e Sony já demonstraram interesse em fabricar similares ao PC da Oracle. A HP criou uma divisão denominada "Thin Client", também para desenvolver computadores "magros". A máquina serviria principalmente para empresas, onde a prioridade dos usuários seria processar texto, mandar correio eletrônico e acessar redes de dados.
Estes aparelhos que nem existem ainda já têm um apelido simpático: tostadeira Internet. São terminais que poderiam tirar partido de uma linguagem como o Java, capaz de distribuir aplicativos pequenos através da Internet, e teriam um sistema operacional bem simples e enxuto. Aliás, a Sun acaba de fazer um acordo com a Fujitsu para criar um "terminal Java", também similar à máquina da Oracle.
Pode ser uma daquelas idéias geniais que não decolam nunca, como a TV interativa. Mas também pode ser um paradigma novo para computadores. Já vimos os grandes sistemas de "mainframe" que controlavam terminais -que eram um sistema centralizado coletivo- serem substituídos pelo PC, um sistema centralizado individual. Depois veio a rede de PCs. A Internet, que veio em seguida, nada mais é que uma rede de redes, que coloca em continuidade tanto supercomputadores quanto PCs e terminais.
Com o PC Internet, o sistema operacional não estaria centralizado num "mainframe" ou num PC, mas difuso pela própria rede. Funções como armazenamento de dados e execução de software seriam delegadas à Internet.
Mesmo máquinas mais tradicionais já estão incorporando algo deste princípio. A Apple demonstrou recentemente na MacWorld o seu novo sistema operacional, de codinome Copland. O Copland foi desenhado para lidar diretamente com documentos e aplicativos da Web. Ou seja, trata a Internet como extensão do seu sistema operacional.
No Brasil também existe uma solução "pelada" e low-tech para a Internet. O Meganet, da TecToy, é o único cartucho de videogame do mundo que permite enviar correio eletrônico através da Internet usando um console de videogame e o monitor da TV.
Bobagem achar que esse modelo de terminal vá destronar o PC. Sempre vai haver quem queira ter o seu próprio hard disk, com seus próprios brinquedinhos dentro. Mas para quem quer uma máquina que faça uma ou duas coisas, como acessar a Internet e escrever textos, a um preço razoável, pode ser a solução ideal.

O endereço da coluna NetVox é netvox@folha.com.br

net notas
Saiu o beta 6 do Netscape! Diz que esse é o último, antes da versão definitiva. Não trouxe nenhuma modificação, a não ser o retoque de costume no logotipo e mais alguns bugs corrigidos. Até ontem o beta 6a (que já corrige um bug do beta 6...) não estava anunciado na página. Procure diretamente no FTP (ftp.netscape.com)

Mais uma do Netscape. Você sabia que, se digitar somente o nome de uma empresa manjada, tipo Sony, no Netscape 2.0, ele acha o endereço sozinho (http://www.sony.com)? O programa supõe que é um endereço comercial, o mais comum (tipo http://www.xxxx.com). Daqui a pouco não vamos mais precisar decorar endereços.

Evaldo Williams faz um serviço de dicas brasileiras na Internet. Confira: http://www.truenet.com.br/wilmello/dicas.html

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