São Paulo, terça-feira, 23 de janeiro de 1996
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Coleção alemã traça panorama dos anos 90

CELSO FIORAVANTE
DA REDAÇÃO

Acaba de chegar ao país, via importação, a coleção "Contemporary Architects", dedicada à produção arquitetônica contemporânea. Editada pela alemã Taschen, conta já com seis volumes, sobre escritórios e profissionais norte-americanos, asiáticos, japoneses e europeus (três volumes). A editora anuncia um volume sobre a produção da costa oeste dos EUA.
Em seu volume mais recente, o terceiro dedicado aos europeus, o organizador Philip Jodidio traça um panorama da produção e das necessidades arquitetônicas atuais.
Através de uma linguagem precisa e muito bem exemplificada, o organizador contrapõe a euforia política e econômica dos anos 80 à recessão e ao recrudescimento social desta década.
Para o desenvolvimento do setor, os esforços públicos tornam-se mais e mais necessários; como exemplo, cita o plano de obras de François Mitterrand, ex-presidente francês morto no último dia 8.
Outro ponto que, associado à intervenção pública, impulsionou a arquitetura na última década foi o crescimento dos transportes e das comunicações.
É interessante notar que a necessidade de desenvolvimento de estruturas de apoio a esses dois setores foi fundamental há sete séculos, para que Genghis Khan construísse todo o seu império no século 13. O imperador mongol foi considerado recentemente por historiadores norte-americanos como o homem mais importante da história neste milênio.
Curiosamente, o pólo de desenvolvimento do setor novamente se direciona para o oriente. Jodidio cita o aeroporto de Kanzai, na baía de Osaka, como o exemplo mais emblemático do desenvolvimento arquitetônico nos transportes e nas comunicações.
Projetado pelo italiano Renzo Piano, o aeroporto foi planejado sobre uma ilha artificial -esta também construída- de 4,37 km de comprimento por 1,27 km de largura. Para a realização do projeto, foram utilizados 180 milhões de metros cúbicos de entulho em um ponto da baía de 18 metros de profundidade. O projeto de um aeroporto no mar respondia assim às necessidades demográficas da região (entre Quioto e Osaka) e às severas leis anti-ruído locais.
Também as estações de trem, cujo brilho se perdeu "desde que percebeu-se que espaços subterrâneos e anônimos seriam suficientes para o transporte das pessoas", ganharam novo alento.
Segundo o arquiteto holandês Rem Koolhaas, o conceito a ser levado em conta não é mais a distância entre dois pontos, mas o tempo. O exemplo é o seu terminal TGV em Lille, na França, onde "60 ou 70 milhões de pessoas vivem a 90 minutos uma das outras". O terminal deverá atender cerca de 30 milhões de pessoas, entre Paris e Londres.
Ricamente ilustrados, os volumes -em edição trilíngue- se dividem em capítulos específicos dedicados aos arquitetos (veja lista dos profissionais ao lado) e trazem ainda biografias, bibliografias e índices remissivos.

ONDE ENCONTRAR: livraria Roteiro (r. Paulistânia, 26, tel. 011/263-7379, Sumaré). Preço: R$ 42 cada volume

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