São Paulo, terça-feira, 23 de janeiro de 1996
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Transparência na turbulência

Turbulências no sistema financeiro devem certamente ser evitadas. Diferentemente de outros setores da economia, problemas na área bancária acabam contaminando as mais diversas atividades, tanto empresariais quanto particulares.
Esse, aliás, não é um problema exclusivo do Brasil. Quando se agrava a situação do setor bancário, é comum que governos o socorram. Esse tipo de operação, contudo, pode ocorrer com maior ou menor transparência. No Brasil, infelizmente, utiliza-se a segunda via.
Pode-se até mesmo ousar afirmar que o Proer, o programa oficial de incentivos às fusões e incorporações de bancos, é uma verdadeira aula magna de confusão.
Apenas entre novembro e dezembro do ano passado e unicamente na operação de incorporação do Nacional pelo Unibanco, segundo se noticia, o BC já comprometeu R$ 5,6 bilhões. Foram R$ 4,2 bilhões em novembro e, em dezembro, numa linha de "empréstimos complementares", gastou-se mais R$ 1,4 bilhão. Além disso, os bancos envolvidos, ao que consta, receberam incentivos fiscais.
Há que se considerar, é claro, que parte desse dinheiro ainda deverá retornar aos cofres do BC e que o montante gasto não saiu diretamente do Orçamento, mas da emissão de títulos, o que diminui o impacto sobre o déficit. Ainda assim, o que o governo gastou apenas com o Nacional seria suficiente para cobrir 92% de todas as internações hospitalares e atendimento ambulatorial durante um ano.
Além do Nacional, parecem ser candidatos potenciais a recursos do Proer o Econômico, Banespa, Banerj e a miríade de bancos estatais semifalidos que pululam pelo país.
Dados e explicações transparentes é o mínimo que se deve exigir das autoridades monetárias.

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