São Paulo, terça-feira, 23 de janeiro de 1996
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FHC, os Vedas e a Índia

Diferentemente do Ocidente, um dos traços da filosofia hindu é a inadmissibilidade da contradição, que, no hinduísmo, não passa de uma fonte de erro. Os Vedas, os mais antigos e sagrados textos do hinduísmo, não apresentam, por definição, nenhuma contradição.
Esse horror pela contradição, contudo, não impede a Índia de ser, como o Brasil, um dos países mais contraditórios do mundo: um país em que os Vedas convivem com computadores de última geração; a mais abominável miséria está ao lado do maior número de PhDs do planeta; o pacifismo de Gandhi coabita com a bomba atômica; o horóscopo determina os casamentos, mesmo nas castas mais altas.
A viagem do presidente Fernando Henrique Cardoso a esse estranho país pode ser bastante profícua. Apesar de toda a miséria, a classe média indiana conta com 150 milhões de pessoas, a população do Brasil, ou seja, um mercado nada desprezível. Além disso, a Ásia como um todo vai rapidamente transformando-se na região economicamente mais dinâmica do mundo, de modo que o Brasil deve procurar ampliar suas relações com os países desse continente.
Outro ponto que une o Brasil à longínqua Índia é a ambição de ambas as nações de conquistar uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU.
A ênfase que FHC tem dado à Ásia em seus périplos internacionais deixa claro que ele está ciente da importância dessa região, que, além das contradições conhecidas, tem muito mais a oferecer.

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