São Paulo, terça-feira, 23 de janeiro de 1996
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Fora de contexto; Defesa da dignidade; Aposentadoria especial; Indignação; Mentalidade tupiniquim; Protesto; Competitividade

Fora de contexto
"Os jornalistas Xico Sá e George Alonso, na reportagem 'Covas anuncia obras que não realizou' (Folha, 20/1), fazem comparações fora de contexto ao contraporem o aumento do número de homicídios em 95 com a melhoria da qualidade do serviço da polícia. O aumento de homicídios, como constata o editorial da Folha em 22/1, vem subindo ano a ano, e, conforme reportagem da Folha de 19/1, que divulgou o relatório de atividades em 95 desta Secretaria, os casos de homicídio são de difícil prevenção. Não obstante, a polícia realizou uma operação de setembro a novembro na zona sul conseguindo reduzir em 39,5 o número de casos de homicídios. A Secretaria lançou, na semana passada, o que também foi divulgado pela Folha, um programa especial de combate à violência denominado 'Programa Integrado de Segurança Comunitária -Pisc' nas zonas leste e sul da capital, onde há o maior número de casos de homicídios. Além do mais, a melhoria do serviço da polícia também pode ser verificada por meio de outros programas, como o que reduziu em 53% o número de civis mortos pela PM, a criação da Ouvidoria da Polícia e a redução de 84,8% na concessão de portes de armas. Como se isso não bastasse, a publicação do governo referia-se ao aumento de policiamento no centro de São Paulo, que foi feito por meio do programa 'Centro Seguro' e apresentou redução de 22,2% no número de casos de homicídios, 17,9% nos roubos, 26,45% nos furtos e 22,5% nos furtos e roubos de veículos. Portanto, vincular essas duas situações é querer adequar a realidade à tese criada pela reportagem."
José Afonso da Silva, secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo (São Paulo, SP)

Resposta do jornalista Xico Sá - A reportagem se refere ao aumento de homicídios dolosos em São Paulo, que cresceram 9,9% em 1995. O dado é do próprio governo do Estado e serviu, no texto, para questionar o "mar de rosas" divulgado pela propaganda oficial.

Defesa da dignidade
"Cumprimento o eminente deputado Hélio Bicudo pela defesa da dignidade da pessoa humana, colocando-se contrário à automutilação permitida por lei. Sua coragem na defesa de tudo o que diz respeito aos valores maiores do ser humano -já, no passado, demonstrada na luta contra os homicídios legais representados pela pena de morte, aborto ou entanásia- dá-me esperanças de que, enquanto tiver homens como ele, este país ainda poderá se tornar uma grande e nobre nação."
Ives Gandra da Silva Martins, advogado tributarista e professor emérito da Universidade Mackenzie (São Paulo, SP)

Aposentadoria especial
"Na entrevista que o presidente da CUT, Vicentinho, concedeu à Folha, no último domingo, foi publicada uma informação errada sobre a aposentadoria dos petroleiros que cumpre-nos esclarecer. Não é verdade que uma secretária da Petrobrás, ou qualquer outro funcionário dos setores administrativos, tenha direito a aposentadoria especial. Somente os trabalhadores em atividades perigosas, nas áreas de prospecção, produção, refino e transporte por duto, recebem aposentadoria especial, por exposição a risco ou agente nocivo, conforme o previsto na Constituição."
Antonio Carlos Spis, coordenador da Federação Única dos Petroleiros -FUP (São Paulo, SP)

Indignação
"Fiquei indignado diante do que se passou na televisão e nos jornais quando o presidente do governo palestino, Iasser Arafat, responsabilizou o governo de Israel pelo assassinato do terrorista Yahya Ayyash, conhecido como 'Engenheiro'. Israel não assumiu formalmente a morte do 'Engenheiro'. Tanto o terrorista como a organização à qual pertencia, 'Hamas', nunca esconderam os atentados cometidos em Israel. Ficamos decepcionados em ver Arafat levando condolências a um líder do 'Hamas' em sinal de pesar, em vez de simplesmente prestar condolências à família do terrorista. Nessa mesma ocasião a multidão gritava um recado especial a Peres: 'Prepare as bolsas', referindo-se às sacolas de plástico destinadas aos restos mortais das vítimas de bombas. Apesar de todos esses episódios, as conversações para a paz devem continuar. Parabenizo Israel pela libertação de 800 presos, de acordo com as cláusulas do Tratado de Paz."
Alfredo Frajdenberg (Rio de Janeiro, RJ)

Mentalidade tupiniquim
"Assim como todo brasileiro que vai para os EUA e fica deslumbrado com a sociedade existente ao norte do Rio Bravo, o mesmo sentimento assaltou-me quando li o artigo do articulista Marcelo Coelho 'Filas de visto são vergonha nacional' (12/1), onde restou delineado 'o subdesenvolvimento cultural'. O comportamento dos brasileiros que viajam para o norte do Rio Bravo revela, conforme bem demonstrou o articulista, a mentalidade tupiniquim."
Elias Roberto Nandel (São Paulo, SP)

Protesto
"Faço minhas as palavras da leitora Kátia Cubel ('Painel do Leitor', 19/1). De posse do carnê de renovação de assinatura, tenho sérias dúvidas quanto a pagá-lo ou não."
Lusana Gastal (Porto Alegre, RS)

"Concordo com a carta da leitora Kátia Cubel (sexta, 19), de Brasília. E gostaria de respondê-la: não só a próxima edição do Manual de Redação será prefaciada pelo presidente da República como deveremos receber, em breve, o convite do casamento Folha e FHC, feito por ambos. FHC já até apareceu na capa segurando um exemplar da Folha! A permissão para esse namoro não foi pedida aos leitores, que são obrigados a ver, quase todo dia, fotos de FHC por motivos os mais banais: FHC e o neto. FHC com o pé na praia. FHC com o pé na cozinha. FHC etc. etc. Uma vergonha. Como se não bastasse também, as fotos de d. Ruth, na mesma situação, lembram, subliminarmente, a presença de FHC. Em 19/1, então, liberou geral: FHC e a primeira-dama já ocupam as duas únicas fotos do dia na capa: ele, batendo palmas, ela, passando as mãos nos cabelos. Tudo é pretexto para mostrar os dois. Por muito menos o jornal 'Le Monde' perdeu a credibilidade, sob o ponto de vista de sua imparcialidade. Vale lembrar também que os maiores jornais franceses ('Le Figaro', 'Le Monde', 'Libération') nem sequer publicaram foto do presidente Chirac no dia de sua posse. Tivemos de engolir a aliança FHC-Itamar. Pagamos, como contribuintes, a sua campanha. Mas não vamos patrocinar a aliança FHC-Folha e a campanha fotográfica da reeleição do presidente. Não vamos renovar a nossa assinatura."
Silvia de Souza (Goiânia, GO)

Competitividade
"Da leitura que faço da coluna semanal do sr. Frias Filho guardo a impressão do homem inconformado com a ditadura da competitividade. A lembrança veio-me no momento em que, no dia de Natal (e depois no primeiro dia de 96), apanhei o exemplar da Folha. Perguntei-me se realmente seria necessário o jornal naquele dia. Quantos exemplares teriam sido impressos e quantos teriam sido efetivamente lidos? As (minhas) respostas me levam à conclusão de que o custo desse neoliberalismo -demonstrar, por exemplo, que o jornal sai os 365 dias do ano- não valeu nada."
Antonio Elisardo Baroni (São João da Boa Vista, SP)

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