São Paulo, terça-feira, 23 de janeiro de 1996
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Dispositivo argentino promete fim da poluição

MARCELO DIEGO
DA REPORTAGEM LOCAL

O argentino Miguel Gutiérrez Castañón criou um novo dispositivo, projetado para carros com carburador, que promete praticamente eliminar a emissão de poluentes, aumentar a potência e reduzir o consumo de combustível em veículos. Mas pode ser uma ameaça ao bom funcionamento do carro.
O dispositivo Remington é um acessório que se encaixa entre a boca de admissão do motor e a base do carburador.
Quando o motor funciona, a peça, em formato de borboleta, aproveita o bombeamento do ar misturado ao combustível e forma uma nova corrente de ar, próxima à velocidade do som (1.100 km/h).
Essa corrente é reaproveitada pelo motor, diminuindo a possibilidade de o combustível líquido escorrer pelo tubo de admissão.
"Foi empreendido um esforço muito grande para minimizar o efeito da poluição. O sistema não é milagroso, mas engenhoso", afirma Castañón.
Testes realizados pelo produtor na Argentina indicam que, com o dispositivo, há diminuição de 90% a 98% da emissão de poluentes, aumento não-especificado na potência do motor e economia de 12% a 15% de combustível.
Segundo Marí Carucci, gerente de vendas do dispositivo na Argentina, o produto será comercializado no Brasil, provavelmente a partir de fevereiro. "Deverá custar entre US$ 60 e US$ 90", diz.
"É arriscado colocar um elemento estranho no carro. Além disso, os dados podem ter sido mascarados", afirma Renato Romio, engenheiro do laboratório de motores do Instituto Mauá de Tecnologia.
Para Renato, "é necessária uma análise melhor dos dados."
"É difícil se chegar a um redutor constante de poluição e ainda aumentar a potência do carro", diz Wilson Takaki, engenheiro de produtos da General Motors.
A GM, por exemplo, utiliza catalisadores em sua frota, para diminuir a poluição. Carros novos, como o Corsa, não têm mais carburador, mas injeção eletrônica.
O Monza 96 tem a válvula EGR, que reaproveita parte do ar poluente como comburente para o motor, mas que não funciona em baixas rotações.
Os testes do novo dispositivo foram realizados em carros antigos -como Dodge 1.500 e Fiat 125.
Segundo Takaki, o motor, no teste, operou na faixa média de 3.000 rpm (rotações por minuto). "Hoje, os carros atingem, em média, 6.000 rpm", explica.
Os fabricantes Ford, Fiat, Volkswagen e GM desaconselham o uso da peça, pois o proprietário perderá a garantia do veículo.
"Cada tipo de motor sofrerá uma reação diferente. Para carros com motores antigos é até capaz que possa melhorar o rendimento", diz Ricardo Bock, coordenador do curso de mecânica automobilística da FEI (Faculdade de Engenharia Industrial).
Segundo o Procon (Coordenadoria de Proteção e Defesa do Consumidor), a empresa deverá cumprir o prometido no rótulo do produto, se quiser comercializá-lo no Brasil, ou poderá ser processada por propaganda enganosa.
A gerente Marí Cariucci declara que a empresa "é idônea e irá se adequar às normas brasileiras", mas ainda não foi definido se a venda será feita por um representante ou por um importador.
Contatos para revenda podem ser feitos pelo tel. 0054-1-935091. O endereço é calle Venezuela, 3.041/51 (1.211), Capital Federal, República Argentina.

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