São Paulo, quarta-feira, 24 de janeiro de 1996
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Centrais agora vão negociar com deputados

DENISE MADUEÑO; SHIRLEY EMERICK
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, conseguiu ontem criar um fórum na Câmara para debater a Previdência e com isso reverteu a determinação do presidente da Casa, Luís Eduardo Magalhães (PFL-BA), de começar a votar a reforma nesta semana.
O fórum, acertado entre Vicentinho, Luís Eduardo Magalhães e as lideranças partidárias, foi uma saída para diminuir as resistências na votação da reforma.
Essa fórmula favorece o relacionamento entre o sindicalista e a oposição, insatisfeita com o acordo das centrais com o governo.
Para o governo, é um argumento de que a reforma foi debatida com os parlamentares e as centrais e, portanto, poderá entrar em votação. E ainda, inclui a participação dos deputados de sua base parlamentar, excluídos da discussão entre os sindicalistas e o governo.
Segundo a Folha apurou, o governo não se opôs ao pedido de debate de Vicentinho porque entende que o presidente da CUT tem ajudado na negociação da reforma da Previdência.
O fórum, marcado para amanhã à tarde, vai substituir a reunião inicialmente marcada entre as centrais sindicais e os ministros Reinhold Stephanes (Previdência) e Paulo Paiva (Trabalho).
Com isso, o início da discussão e votação da reforma fica adiada na comissão especial por uma semana. "Não temos pressa de resolver esta questão enquanto não tiverem esclarecidos os pontos duvidosos", disse Vicentinho.
Ontem, antes do encontro com o sindicalista, Luís Eduardo havia feito o relator da emenda, deputado Euler Ribeiro (PMDB-AM), recuar do recurso feito para incluir em seu parecer a contribuição dos aposentados do serviço público com a Previdência Social.
O recurso atrasaria em pelo menos duas semanas a votação da reforma na comissão. A decisão de Luís Eduardo era iniciar a votação da emenda ontem mesmo.
Participaram da reunião o ministro Nelson Jobim (Justiça), o relator Euler Ribeiro, o presidente da comissão especial, Jair Soares (PFL-RS), o líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE), e o vice-líder do PSDB na Câmara, Ubiratan Aguiar (CE).
Pela manhã, Luís Eduardo conversou com Ribeiro e ameaçou colocar a emenda em votação no plenário, caso a comissão não votasse a reforma. Segundo o relator, o presidente da Câmara não queria ser criticado, no futuro, por fazer o jogo dos partidos de oposição adiando a votação.
A avaliação de participantes da reunião era a de que o momento, depois do acordo com as centrais, era favorável para a aprovação da emenda. Se permanecesse o recurso, poderia crescer a resistência contra a reforma.
"É melhor aproveitar este momento histórico e sacrificar a contribuição dos inativos", disse Inocêncio Oliveira. "O governo entende que tem condições de prevalecer o conjunto da proposta da reforma", afirmou Aguiar.
Com o recurso, o governo tentaria restituir a contribuição, rejeitada pela Câmara na semana passada. Tentativas anteriores para tramitá-lo foram infrutíferas.

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