São Paulo, quarta-feira, 24 de janeiro de 1996
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Greve deixa 10 mil carros nas fábricas

ARTHUR PEREIRA FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

A greve dos "cegonheiros" (motoristas dos caminhões transportadores de veículos) já impediu o transporte de pelo menos 10 mil veículos das fábricas para as concessionárias.
A estimativa é de Sérgio Reze, presidente da Fenabrave (associação dos revendedores de veículos). Segundo Reze, a paralisação, que foi decretada sexta-feira à tarde, atinge todas as montadoras desde sábado.
A greve continua hoje. Ontem, no início da noite, a assembléia da categoria rejeitou contraproposta apresentada pela ANTV (associação das empresas transportadoras de veículos), que ofereceu reajuste de 15% no frete. Os "cegonheiros" mantém a reivindicação inicial: 47% de aumento.
"Vamos continuar parados", diz Aliberto Alves, presidente do Sindicam, que representa 2.000 caminhoneiros autônomos.
'Popular' em falta
Os revendedores prevêem que os carros "populares" comecem a faltar a partir de hoje por causa da greve. "O estoque desses modelos é pequeno, suficiente para, no máximo, três dias", diz Reze.
Ontem à tarde, a Davox, revenda Volks da zona sul de São Paulo, ainda tinha toda a linha para a pronta entrega, inclusive três unidades do novo Gol 1.000i.
A Trans-Am, revenda GM da zona sul de São Paulo, teve de atrasar a entrega de dois Corsa, que não chegaram no prazo estipulado por causa da greve.
O estoque dos modelos mais caros ainda não foi afetado pela paralisação dos "cegonheiros".
Balanço divulgado ontem pela General Motors revela que 4.000 carros estão parados no pátio das duas fábricas da montadora (São José dos Campos e São Caetano) por causa da greve. Nenhuma entrega foi feita desde sábado.
Na Fiat, em Betim (MG), o estoque é de 3.500 veículos. Mas algumas carretas conseguiram furar o bloqueio, segundo a assessoria de imprensa da empresa.
Sete caminhões (cada um deles transporta cerca de dez carros) saíram da fábrica na madrugada de ontem. A montadora previa a saída de outros 39 caminhões até o final do dia.
A Volkswagen não revelou o número de carros estocados em suas unidades da Anchieta e Taubaté por causa da paralisação.
Reze diz que o acúmulo de carros nos pátios das montadoras somente não é maior porque a greve começou no final de semana. "Os 'cegonheiros' transportam 5.000 veículos por dia", afirma.
Reajuste de 11,5%
As concessionárias e as montadoras propuseram às empresas transportadoras de veículos reajuste de 11,56%. "É o equivalente ao aumento médio sofrido pelo carro nos últimos 12 meses", diz Reze.
Os caminhoneiros autônomos, que reivindicam 47%, representam 65% dos "cegonheiros" que trabalham para as 12 empresas transportadoras contratadas pelos fabricantes. Essas empresas são filiadas à ANTV.
A proposta de reajuste de 15% foi feita ontem à tarde, durante reunião realizada na sede da ANTV, entre representantes das transportadoras e dos caminhoneiros autônomos.
Segundo Mario Galvão, presidente da ANTV, esse seria um acordo provisório para acabar com a greve. "Vamos ter de renegociar novo índice com as fábricas", afirma.
Galvão diz que o setor de transporte de veículos está com defasagem de 22% no frete.

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