São Paulo, quarta-feira, 24 de janeiro de 1996
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Cota feminina; Ataques; Deficientes; Propaganda oficial; Sintonia; Revolta; Procuradoria

Cota feminina
"Vivemos um momento muito importante na história das mulheres brasileiras. Como fruto da união e da luta dessas mulheres que sempre foram oprimidas pela sociedade patriarcal, conquistamos mais um espaço na representação política dos partidos, a cota de 20% de mulheres nas próximas eleições. O cenário político a partir dessa conquista não será mais o mesmo. Teremos 100 mil mulheres no mínimo atuando neste processo eleitoral de 1996. Sonhamos e desejamos uma sociedade de iguais onde homens e mulheres sejam felizes."
Muna Zeyn, conselheira do Conselho da Condição Feminina (São Paulo, SP)

Ataques
"Com ataques pessoais à minha integridade e à de meu estabelecimento, o restaurante Danton, o secretário municipal do Abastecimento, Waldemar da Costa Filho, respondeu à crítica feita por mim sobre o fato de a gestão do atual prefeito de São Paulo não ter uma política de desenvolvimento para o setor de entretenimento, dedicando-lhe somente proibições e multas. Tenho argumentado que essas ações da prefeitura, junto com a ofensiva do Decon (que já prendeu ou processou 20% dos empresários de restaurantes dos Jardins, Itaim e Pinheiros), prejudicam a imagem dos setores de entretenimento e gastronomia, principais atrações turísticas de São Paulo, geradores de 300 mil empregos. Em vez de referir-se a esses argumentos, o secretário atacou o Danton, alegando que no restaurante foram encontrados feijão e café sem indicação de procedência. Esses produtos haviam sido adquiridos um dia antes, conforme atestam as notas fiscais que apresentamos na Justiça. Outros produtos como macarrão e azeite-de-dendê, que não têm uso na cozinha francesa do restaurante, foram encontrados esquecidos em um canto dos depósitos. O descuido, meramente administrativo, poderia merecer, no máximo, uma advertência, mas jamais a violência da prisão em flagrante do gerente, como aconteceu. Depois de todos esses atos arbitrários, cabe ao secretário dar uma série de explicações. Por que uma nota fiscal, documento de controle e emissão rigorosíssima, não serve para demonstrar a origem de um produto? O secretário tem a obrigação de explicar por que sua fiscalização não apreende amostras para provar a suposta deterioração de produtos e exibir provas em juízo."
Percival Maricato, presidente da Abredi -Associação de Bares e Restaurantes Diferenciados e coordenador do PNBE -Pensamento Nacional das Bases Empresariais (São Paulo, SP)

Deficientes
"Em referência à carta publicada em 14/1, referente à Andef e à novela 'História de Amor', a Andef concorda totalmente com Adelino Ozores Neto Segundo quando fala da situação da pessoa portadora de deficiência no Brasil. A Andef, em nenhum momento, pleiteou publicidade ou interferiu no trabalho dos autores da novela. Quando procuramos a Rede Globo foi exatamente com a intenção de mostrar os problemas que poderiam acarretar a cura do personagem de Nuno Leal Maia, não somente pela raridade da situação como pela esperança falsa que poderia trazer para milhares de pessoas. Ponderamos que para a grande maioria das pessoas portadoras de deficiência a cura não é possível e a maior conquista é uma reabilitação que permita encarar a tragédia com serenidade e vontade de viver. Sugerimos que a nova situação poderia ser utilizada pela Globo para participar diretamente na conscientização da sociedade sobre o deficiente. A assessoria que prestamos à Rede Globo refere-se a acompanhar a postura física e psicológica do personagem Assunção durante as filmagens."
Tânia Rodrigues, presidente da Associação Niteroiense dos Deficientes Físicos (Niterói, RJ)

Propaganda oficial
"A reportagem publicada na Folha em 20/1 a respeito da propaganda veiculada pelo governador Mário Covas demonstra que esse governo não pode ser levado a sério. O governador deve responder na Justiça por mais esse ato lesivo ao erário público."
Alberto Murray Neto (São Paulo, SP)

Sintonia
"Se há anos sou assinante da Folha por ser o jornal cuja postura editorial julgo mais qualificada, há anos também vem crescendo o meu descontentamento quanto à Ilustrada. Não será hora de a Folha rever a postura editorial da Ilustrada? Entretenimento, 'atitudes de vanguarda', fofocas dos bastidores de TVs do macaco, pílulas metafísicas do Coelho, artigos superficiais, nenhuma análise um pouco mais atenta sobre a produção em artes, comportamento, moda-fashion... etc. etc. Nessa linha vocês poderiam acrescentar algumas receitas culinárias. Afinal, a Ilustrada se pretende um caderno cultural ou um caderno de amenidades? Afinal, estará a futilidade da Ilustrada em sintonia com a postura crítico-progressista da Folha como um jornal de referência, investigativo etc. etc.?"
Leda Pereira (São Paulo, SP)

Revolta
"Tem dias em que ao ler a Folha fico revoltado. Em 16/1 li com interesse a importância que o jornal dedicou às denúncias de corrupção na pasta do ministro Sérgio Motta. Li com interesse insuspeito a resposta que o denunciante deu à repórter Daniela Pinheiro: 'Não tenho provas, mas não tenho dúvidas'. O jornal, baseado única e exclusivamente na palavra de um deputado, que afirma textualmente não ter provas de suas afirmações, dá um destaque exagerado ao fato. O melhor título, talvez, fosse: 'Deputado acusa Motta de corrupção, mas não prova'. Onde anda o Manual de Redação? Onde anda o bom jornalismo?"
Mauro Motoryn (São Paulo, SP)

Procuradoria
"A sucessão no Ministério Público paulista é de extrema importância. Representa, pela primeira vez, uma quebra no continuísmo em que a instituição era um segmento do governo estadual e não o órgão capacitado para processá-lo. Não pode o governador, assim, ser obrigado a indicar um nome que esteve diretamente ligado a esse passado em que era quase que uma sequência lógica ter ex-procuradores-gerais como secretários de Estado. O governador deve indicar o único candidato que não tem ligação nem com o seu governo e nem com nenhum outro anterior, mas sim com o Ministério Público e a defesa da sociedade em seus mais diferentes setores."
Márcia Maria de Barros Corrêa (São Paulo, SP)
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"Não é segredo para ninguém que o procurador-geral de Justiça concentra inúmeras atribuições que interessam diretamente ao povo de São Paulo e aos seus governantes. Posso assegurar, como membro do Poder Judiciário e professor de direito penal e processo penal há muitos anos, na mesma universidade em que leciona o dr. Luiz Antônio Marrey, que se trata de pessoa invulgar, de capacidade ímpar e, sobretudo, de moral e conduta irrepreensíveis."
Guilherme de Souza Nucci (São Paulo, SP)

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