São Paulo, quinta-feira, 25 de janeiro de 1996
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Polícia Federal investiga militares no Rio

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Polícia Federal está investigando suposto envolvimento de militares e policiais federais com o contrabando de armas no Rio.
As investigações foram iniciadas em 95, por ordem do ministro Nelson Jobim (Justiça).
Uma equipe de 30 policiais, designada para a missão pelo diretor-geral da PF, Vicente Chelotti, comanda a investigação. Segundo a PF, o nome do brigadeiro Ricardo Caldas, ex-chefe do Setin (Serviço de Inteligência da Aeronáutica), apareceu nas gravações feitas pela equipe, em escutas telefônicas autorizadas pela Justiça.
Caldas teria sido citado em conversas "grampeadas" pela PF na chamada "Operação Rio 2". Seu nome teria sido mencionado nas conversas como representante da empresa brasileira Gher, que trabalha com equipamentos militares.
A Folha apurou que o ministro Nelson Jobim (Justiça) avalia que o caso do brigadeiro é problema exclusivo da PF. Ele não quer interferir na questão por entender que a investigação de militares estimula o confronto entre a PF e o Ministério da Aeronáutica.
O confronto entre as duas instituições teria sido aberto em novembro, quando a Aeronáutica revelou que sabia do "grampo" instalado na casa do embaixador Júlio César Gomes dos Santos.
O "grampo" envolvia Santos em um suposto esquema de tráfico de influência em torno do Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia), comandado pelo Ministério da Aeronáutica. O episódio provocou a queda do ex-ministro da Aeronáutica Mauro Gandra.
Ontem, o diretor da PF, Vicente Chelotti, se recusou por duas vezes a negar ou a confirmar a investigação sobre o brigadeiro, no Rio. Ele não quis comentar o andamento das investigações encomendadas pelo ministro da Justiça.
O surgimento do nome do brigadeiro Caldas nas investigações teria sido comunicado ao diretor da PF, na semana passada, pelo delegado Onézimo das Graças Souza, que coordena a equipe de policiais enviados ao Rio.
Segundo informações de um delegado da PF, o envio de uma equipe especial ao Rio foi motivada por denúncias contra 60 policiais da superintendência estadual com contrabando de armas, bicheiros e no esquema de extorsão de clientes do banco Israel Discount Bank.
Essas suspeitas foram reforçadas quando a equipe especial prendeu no dia 26 de junho passado o coronel Latino da Silva Fonseca. Segundo a PF, ele estaria envolvido com o contrabando de armas para o crime organizado. Latino diz estar sendo perseguido por policiais federais.

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