São Paulo, quinta-feira, 25 de janeiro de 1996
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Arquiteto quer Santo Amaro com mão única

LÚCIA MARTINS; CLAUDIO AUGUSTO
DA REPORTAGEM LOCAL

Para evitar passar pela avenida Santo Amaro (zona sul de SP), o arquiteto João Armentano perde dez minutos a mais por dia para chegar ao trabalho. "É o lugar mais feio da cidade. Não tem calçada, não tem árvore e a quantidade de ônibus que passa por ali é absurda", afirma.
Armentano sugere que a avenida passe a ter só uma mão -direção centro-Santo Amaro. Com isso, seria possível alargar as calçadas e arborizá-las. Hoje, ela é uma via de mão dupla com corredores de ônibus.
O tráfego dos veículos na direção Santo Amaro-centro seria feita por uma paralela, não-definida pelo arquiteto. "Existiriam desapropriações, mas os gastos iriam compensar. Ganharíamos uma avenida muito melhor."
Em seis meses, segundo Armentano, o projeto de remodelação da avenida estaria concluído.
Outro problema apontado pelo arquiteto é a falta de segurança dos pedestres. "Como as calçadas são muito estreitas, eles (os pedestres) estão sujeitos a muitos acidentes."
A CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) confirma a tese de Armentano. A Santo Amaro é a terceira via de São Paulo em número de atropelamentos.
No último levantamento feito pelo órgão, em 1994, houve 241 atropelamentos na avenida. Só perdeu para a avenida Alcântara Machado (259) e para a 23 de Maio (250), duas das principais vias que cortam a cidade.
Também é uma das campeãs em acidentes de trânsito: ocupa o oitavo lugar no ranking das avenidas com mais choques. Em 94, foram 1.511 acidentes (233 com vítimas).
"Adoro a cidade e acho que ela está ficando cada vez mais sufocada. A coisa mais triste da minha vida é olhar para a Santo Amaro", diz Armentano, que é autor de cerca de 200 projetos, entre eles os do bar Cabral (Itaim Bibi, zona sul) e do restaurante Quattrino (Jardins, zona oeste).
Maluf
Para o prefeito Paulo Maluf, o projeto de Armentano peca pela falta de funcionalidade.
Maluf não vê sentido em ampliar a calçada em uma avenida que, segundo ele, já tem um corredor de ônibus e pouco espaço para os carros.
A redução dos atropelamentos na avenida aconteceria, na visão do prefeito, se os motoristas respeitassem a faixa de pedestres.
"Em Nova York, um motorista que atropela alguém na faixa de pedestre é processado por homicídio. Mas o atropelamento de alguém fora da faixa não dá nem processo", afirmou o prefeito.
(Lúcia Martins e Claudio Augusto)

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