São Paulo, quinta-feira, 25 de janeiro de 1996
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Estado é a 'locomotiva econômica do Brasil'

CARLOS ALBERTO SARDENBERG
DA REPORTAGEM LOCAL

O Estado de São Paulo não é apenas o principal motor da economia brasileira, como é o maior contribuinte do país. Metade do imposto arrecadado pelo governo federal sai de São Paulo.
A proporção, aliás, é desigual. São Paulo é responsável por 36,1% do Produto Interno Bruto (PIB, a soma de todas as mercadorias e serviços produzidos no país). Mas o Estado entra com 50,6% dos impostos arrecadados pelo governo federal, conforme dados da Fundação Seade e do IBGE.
Essa desigualdade piorou nos últimos 15 anos. Em 1980, São Paulo detinha 40% do PIB e pagava 40% dos impostos. De lá para cá, diminuiu sua participação no PIB, indicando que o Brasil cresceu mais ou perdeu menos que São Paulo.
Mesmo assim, aumentou a carga tributária do Estado. Além disso, o governo federal gasta em São Paulo uma parte muito pequena do que arrecada no Estado. Ou seja, São Paulo financia investimentos da União em outros estados.
Foi, assim, colocada em prática uma tese muito comum em Brasília, segundo a qual o Estado mais rico tem que gerar renda para as regiões mais pobres.
Por outro lado, e considerando que a economia paulista é mais dinâmica que a nacional, pode parecer estranho que a participação do Estado na produção brasileira tenha diminuído desde 1980.
Acontece que nesse período houve cinco anos de recessão, isto é, de queda da produção. E esse tipo de crise atinge mais o lado mais dinâmico da economia.
Quando todo o país cresce, São Paulo tende a crescer um pouco mais. Mas quando o país pára, a perda é maior em São Paulo.
Na década de 80, conforme dados do Seade, o PIB nacional caiu 0,43%. Já o PIB paulista encolheu 1,28% Essa relação se repetiu em todos os anos de recessão. Ou seja, São Paulo pagou um preço maior nos anos de crise.

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