São Paulo, quinta-feira, 25 de janeiro de 1996
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BC faz leilão, mas dólar comercial sobe

JOÃO CARLOS DE OLIVEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O BC (Banco Central) foi obrigado a intervir ontem no mercado de câmbio. O dólar comercial (exportações e importações) chegou a ser negociado por R$ 0,979, com alta de 0,3%. No mercado futuro, as cotações também subiram.
Foi um dia de escassez de dólar. As saídas superaram as entradas em, segundo estimam os bancos, algo próximo de US$ 30 milhões.
É pouca coisa em um mês que registrou um ingresso líquido de US$ 2,4 bilhões.
Mas o BC fica com os dólares (todos eles), não os bancos. Logo, qualquer demanda, por menor que seja, pressiona o mercado.
A pressão de ontem serviu para desencadear um rali, conforme o jargão dos operadores.
O BC tentou frear o carro. Chamou um leilão de "spread" para reafirmar que a "minibanda" não seria alterada.
Mesmo assim, o dólar comercial fechou sendo vendido a R$ 0,9785 (alta de 0,25%) e os futuros fecharam projetando uma correção do câmbio ao redor de 0,67% ao mês. Em suma: o mercado continua apostando em novas mexidas na "minibanda".
Assusta o mercado tanto a possibilidade de continuidade de déficits (importações maiores que exportações) comerciais como o ingresso maciço de dólares, que provoca um crescimento igualmente sólido da dívida interna.
Mantida a atual política, baseada em juros estratosféricos (é a qualificação possível, apesar dos resmungos do ministro Pedro Malan), acredita o mercado, um dos dois efeitos é inevitável.
O BC, aparentemente, deseja trilhar um caminho intermediário, procurando controlar os dois efeitos, mas sem abrir mão de forçar o ajuste nas empresas.
É a tal trilha entre dois precipícios, como comparou o economista-chefe do Citibank, Amaury Bier. Um esporte radical.
Mas, se faltou dólar, continuou sobrando reais. Os juros caíram ao longo do dia no over, embora a taxa média tenha ficado em 3,53%.
Bolsas e títulos da dívida tiveram um dia de realização de lucros (o investidor vende a ação e embolsa o dinheiro).
A Bolsa paulista fechou com baixa de 0,8%, enquanto o C-Bond, principal título da dívida externa brasileira, caiu 0,57%.

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