São Paulo, quinta-feira, 25 de janeiro de 1996
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Documentos revelam empréstimos ilegais

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Banco Central pretende enviar ainda nesta semana ao Ministério Público documentos para demonstrar que Ângelo Calmon de Sá, ex-dono do Banco Econômico, teria contrariado a lei ao emprestar dinheiro para cinco empresas por ele controladas.
Pela Lei do Colarinho Branco, de 1987, que define os crimes contra o sistema financeiro, um banco não pode emprestar a empresas das quais é o acionista principal. A pena é de dois a seis anos de prisão.
Segundo os papéis em poder do BC, o Econômico teria feito tal operação nos anos de 1987 e 1988 junto às empresas Econômico Agropastoril, CST Expansão Urbana, Agropecuária Senhor do Bonfim, Nova Aliança e Kontik Franstur.
Ao todo, teriam sido repassados a essas empresas, todas na época pertencentes ao conglomerado Econômico, R$ 12 milhões. Os valores para cada uma teriam variado de R$ 2 milhões a R$ 2,8 milhões.
A Kontik Franstur hoje não pertence oficialmente ao banco baiano.
Segundo o Econômico, ela foi vendida há três anos, embora ainda cuide para o banco de operações como reservas de passagens aéreas e hotéis.
O Econômico detém o controle acionário -mais de 50% das ações- de outras 12 empresas não financeiras. O BC ainda está investigando se essas empresas também receberam dinheiro do banco.
Porém, como o BC já considera os empréstimos já encontrados suficientes para incriminar Calmon de Sá, as informações deverão ser remetidas ao Ministério Público antes da conclusão do relatório final.
Segundo a Folha apurou, o ex-interventor do BC no Econômico, Francisco Flávio Barbosa, ainda está em Salvador concluindo relatório sobre a situação financeira do banco.
Outra equipe, chefiada pelo funcionário Tales Eickhoff, finaliza o inquérito administrativo aberto no banco, com prazo até o final de fevereiro para terminar o trabalho.
Ambos foram instruídos a remeter à sede do BC qualquer conclusão preliminar. A que apontou os empréstimos para empresas do mesmo grupo chegou nesta semana.
Além destes dados, o BC já tem em mãos desde dezembro do ano passado um relatório preliminar da equipe de interventores.
O trabalho aponta indícios de transferência irregular de recursos ao exterior.

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