São Paulo, quinta-feira, 25 de janeiro de 1996 |
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Filme não vê jovem como idiota
MAURICIO STYCER
Direção: Amy Heckerling Produção: EUA, 1995 Elenco: Alicia Silverstone (Cher), Stacey Dash (Dionne), Brittany Murphy (Tai) e Paul Rudd (Josh) Onde: A partir de hoje no Metrópole, Center Iguatemi e circuito Este é um filme recomendado para quem sente vontade de rir toda vez que ouve um VJ da MTV perguntar a um grupo de rock, com muita seriedade: "E aí, mandaram, hein? Valeu!!!". Também é programa imperdível para quem não consegue se controlar e morre de rir toda vez que dá uma volta no shopping e vê três ou quatro meninas passando mal porque acabaram de cruzar com o galã da novela das 7, que veste uma camiseta branca propositalmente dois números menor. Antes de continuar, convém avisar que, embora esse texto não seja especialmente recomendado para menores, se algum estiver lendo, saiba que o filme também será visto com prazer por aqueles que pensam que rir de um VJ da MTV é estar totalmente "por fora" (ou "clueless", como diz a gíria norte-americana que serve de título original ao filme). "As Patricinhas de Beverly Hills", enfim, é um desses raros filmes sobre adolescentes que consegue ver graça em garotas de 15 anos sem apelar para preconceitos e chamá-las de imbecis ou geniais, analfabetas ou maravilhosas, alienadas ou "uh-hu, animal!". Crônica do cotidiano de uma menina rica de Los Angeles, o filme de Amy Heckerling se limita a colocar em confronto adolescentes que não têm por que se preocupar com algo além de diversão. Protagonista da história, Cher (a linda Alicia Silverstone) cura os seus momentos de baixo astral com idas ao shopping, e quando está em casa recorre a um computador para tirar do armário a combinação ideal de roupa para sair. Namoros, virgindade, descobertas sexuais, música, escola e compras: esse é o cardápio básico do filme, temperado com diálogos inteligentes e boa trilha sonora. Não por acaso, essa trilha inclui a canção "Alright", do trio inglês Supergrass, um hino à despreocupação e à alegria de ter 16 anos. Como "Kids", "As Patricinhas de Beverly Hills" é um filme sobre adolescentes que interessa a não-adolescentes por iluminar um pouco um mundo quase incompreensível de palavras e gestos. Mas, diferentemente do moralista "Kids", que se mostrou maleável às mais disparatadas reflexões, "As Patricinhas de Beverly Hills" vale exatamente tanto quanto pesa o seu título em português: uma ótima piada. Texto Anterior: Frases de efeito divertem o público Próximo Texto: Coluna Joyce Pascowitch Índice |
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