São Paulo, quinta-feira, 25 de janeiro de 1996 |
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Narcopotência Torna-se cada vez mais suspeito o envolvimento do presidente colombiano, Ernesto Samper, com os cartéis de traficantes, que teriam financiado sua campanha. Independentemente do desfecho que a crise colombiana venha a ter, parece ser incontestável o fato de que o poder econômico dos narcotraficantes tornou-se tão fabuloso que eles já são capazes de eleger e derrubar presidentes. Segundo o FMI, o crime organizado lava US$ 750 bilhões ao ano. Dessa cifra, US$ 500 bilhões viriam do narcotráfico. Acredita-se que o faturamento do crime organizado cresça US$ 100 bilhões ao ano. É evidente que uma potência econômica tão forte como são os cartéis da droga não se manteriam alheios à vida política dos países onde atuam mais. Nesse sentido, a situação brasileira é preocupante, pois boa parte da produção dos derivados da coca já é feita no país ou por ele passa. Além disso, o Brasil já é apontado como o sexto país na lavagem de dinheiro obtido com a venda de drogas. Seria ingênuo acreditar que os barões das drogas já não tenham estabelecido relações com autoridades que lhes possam facilitar o trabalho. Enfrentar o poder de fogo do narcotráfico é um desafio. Num mundo cada vez mais globalizado no qual as fronteiras tornaram-se quase que abstrações, esse desafio deve ser enfrentado globalmente. Prova-o o esforço dos EUA, que, em 94, gastaram US$ 67 bilhões em repressão ao narcotráfico e tratamento de viciados sem conseguir reduzir significativamente o problema. Já o orçamento da Interpol é de US$ 30 milhões ao ano, o preço de 200 kg de cocaína em Nova York. Ou bem o mundo centra esforços para tentar reduzir o problema do crime organizado ou então muitos outros Samper surgirão e cairão, ao sabor do faturamento dos cartéis das drogas. Próximo Texto: Inconsequência Índice |
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