São Paulo, quinta-feira, 25 de janeiro de 1996
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Inconsequência

A crítica de senadores ao acordo que permitiu ao Estado de São Paulo e a empresas estatais paulistas a transferência de dívidas para o governo federal é mais uma demonstração das consequências negativas da recusa em privatizar o Banespa.
Entre os inadimplentes que deterioraram a situação do banco a ponto de exigir a intervenção não está apenas o Tesouro paulista, mas também grandes empresas estatais. E nisso não há surpresa.
Se ao longo dos últimos anos -ou décadas- a manipulação política e irresponsável de órgãos da administração direta levaram o Estado à beira da falência, era mesmo previsível que as estatais fossem conduzidas ao mesmo atoleiro.
Por mais que um processo de venda do Banespa também viesse a exigir algum tipo de consolidação das dívidas ou de financiamento público, haveria, com a privatização, pelo menos a garantia de que, no futuro, as contas públicas não seriam mais uma vez comprometidas. Enquanto o Estado for controlador de instituições financeiras, a boa técnica bancária estará sempre sujeita às intempéries da política.
Os responsáveis pelo acordo do Banespa têm agora um formidável problema nas mãos, pois representantes de outros Estados podem exigir tratamento idêntico para as suas instituições em dificuldades, o que, obviamente, comprometeria o esforço de estabilização.

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