São Paulo, quinta-feira, 25 de janeiro de 1996
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Livros; Mais inflação; Chacoalhada; Arbitrariedade; Indignação; Dúvida

Livros
"A Folha publicou na Ilustrada reportagem assinada por João Batista Natali, sob o título de 'Preço do livro subiu 36% em dólar em 1995', que utiliza dados da pesquisa feita pela Fundação João Pinheiro, sob encomenda da Câmara Brasileira do Livro, de maneira totalmente equivocada. O jornalista confunde o resultado do faturamento do setor editorial estabelecendo uma relação direta com o preço de capa dos livros. Ele dividiu o faturamento total pelo número de exemplares produzidos em 1994 e 1995, deduzindo daí um 'preço médio e sua evolução'. O faturamento das editoras não expressa preço médio nenhum, em nenhum subsetor. O faturamento líquido das editoras é obtido pelas vendas onde o preço de capa do livro sofre descontos de comercialização segundo o porte do cliente, o canal de comercialização utilizado e o volume da venda. Para dar um exemplo singelo: um livro que tenha preço de capa de R$ 10 pode ser vendido para uma distribuidora por R$ 4 e para o consumidor final, via mala direta, pelo preço de capa de R$ 10. O preço médio desse livro, deduzido a partir do que a editora faturou, seria então de R$ 7. A informação sobre o faturamento das editoras pode expressar, por exemplo, mudanças nas condições de comercialização que não têm relação direta com o preço de capa. Se aumenta a venda direta, via marketing direto, pode aumentar o faturamento sem que o preço de capa seja alterado. A indicação do faturamento também não expressa uma relação direta com sua rentabilidade, já que os custos não foram levantados. A informação sobre o faturamento é precisa e pode permitir quantificar o papel da indústria editorial brasileira no PIB do país. Outras deduções, só com auxílio de outros dados que estamos procurando levantar, mas que ainda não são disponíveis. A seriedade da pesquisa feita pela FJP exige cautela na extrapolação de dados. A reportagem da Folha recolhe opiniões de vários editores, que apontam para vários fatores relacionados com o preço dos livros. Mas a sua premissa de cálculo é simplesmente errada, o que confunde o leitor e prejudica a compreensão da reportagem e a informação divulgada."
Felipe José Lindoso, diretor de Assuntos Institucionais da Câmara Brasileira do Livro (São Paulo, SP)

Resposta do jornalista João Batista Natali - Em nenhum momento a Folha se referiu ao preço de capa (aquele que o editor recomenda para seu varejista ou que este, a livraria, estipula após embutir sua margem de lucro). A reportagem menciona única e exclusivamente o preço com que o livro deixa a editora, por se tratar da única cifra que incide sobre o faturamento. Os números da reportagem estão, assim, absolutamente corretos. Não foram tampouco contestados pelo vice-presidente da Câmara Brasileira do Livro, a primeira pessoa a ser entrevistada.

Mais inflação
"Parabéns para Osiris Lopes Filho, que só não mencionou que neste caso o verdadeiro monstro deste monstrengo é o próprio dr. Adib Jatene. O proposto imposto não resolverá nada a não ser o aumento da inflação."
Michael A. Zieminski (São Paulo, SP)

Chacoalhada
"Eu não sou defensor e nem militante de partidos de esquerda, mas acho que a sociedade precisa dar um cutucão, uma chacoalhada nessa direita safada que comanda este país desde o descobrimento. É preciso que se faça um alerta à nação: a atual equipe econômica, a pretexto de baixar a inflação, com os juros estratosféricos está sufocando as nossas empresas, comércio, e nossa dívida pública está crescendo vertiginosamente. Como o país, a sociedade irá pagar isso? No meu entender, nós caminhamos para o 'caos'. O Brasil precisa de uma faxina geral que inclui vários choques: educação, saúde, justiça, moralidade, probidade etc."
Aristides dos Santos (Bauru, SP)

Arbitrariedade
"A respeito da decisão de 'decretação do despejo' do Crusp de alunas da USP (Universidade de São Paulo) alojadas com seus filhos menores, a Subcomissão de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil, seção de São Paulo, protesta contra a arbitrariedade flagrante. Referida decisão, que condiciona a manutenção das alunas-mães no Crusp ao afastamento e separação de seus filhos ou, alternativamente, ao despejo sumário de umas e outros de suas habitações, é violatéria do Estatuto da Criança e do Adolescente, além de configuratório de violento atentado contra os direitos humanos fundamentais de mães e filhos."
Carlos Eduardo Pellegrini Di Pietro, coordenador da Subcomissão de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil, seção de São Paulo (São Paulo, SP)

Indignação
"Sobre esse sr. Macedo, que se auto-intitula 'bispo': o que mais me indigna é que nada se faz para impedir que esse senhor continue a explorar a fé desesperada das pessoas sensíveis e enfraquecidas pela dor, pelos problemas pessoais, familiares, pelas dívidas, pelos desamores, bebida e droga; esse senhor, em vez de estender a mão com a lanterna para iluminar os caminhos desses, estende a mão para cobrar (valores pré-fixados) para oferecer a fé. A fé não é um bem negociável, ela está dentro de cada um de nós. Temos, sim, por meio da oração, de despertá-la. Tirem as vendas dos olhos, olhem com os olhos do coração para a verdadeira palavra de Jesus, não se deixem enganar pelos falsos profetas, que se utilizam de todos os meios modernos de mídia, persuasão, coação e riqueza adquirida à custa de vocês próprios, para enganá-los. Acordai filhos de Deus."
Carlos Alberto Quednau (Belo Horizonte, MG)

Dúvida
"O governador Marcelo Alencar, do Rio de Janeiro, disse recentemente que para opinar sobre consumo de drogas era necessário fumar maconha. Fico pensando: se o governador tivesse de opinar sobre homossexualismo, qual seria sua reação."
Juarez da Silva Campos (Pedregulho, SP)

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