São Paulo, quinta-feira, 25 de janeiro de 1996
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Sabah é mistura de Amazônia e Quênia

MANOEL DIRCEU MARTINS
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DA MALÁSIA

Explorar o Estado malasiano de Sabah, no extremo norte de Bornéo, é uma tarefa para o turista puro-sangue.
Com todos os pontos de interesse sob proteção da legislação ambiental, a região é uma mistura da Amazônia com o Quênia: um espetáculo de florestas tropicais e vida animal.
Juntamente com Sarawak, o Estado possui mais de 3.500 espécies de árvores, mais do que o total da América do Norte.
Entre os superlativos de suas florestas estão a maior flor do mundo, a Raflésia arnoldi, de até um metro de diâmetro, e o Petaurillus, o menor esquilo do planeta.
Para a maioria dos turistas, a capital Kota Kinabalu, a duas horas e meia de avião de Kuala Lumpur, serve de base para as diversas excursões possíveis.
Quem quiser descansar da viagem, antes do enduro pelas selvas e montanhas, encontra nas cinco ilhas do Parque Nacional Tunku Abdul Rahman uma ótima alternativa, a apenas 15 minutos de lancha da capital.
Uma delas, o resort Pulau Manukan, de 1 km de comprimento, tem dez bangalôs de dois dormitórios e com ar-condicionado, construídos na encosta do morro, ligados por extensas passarelas de madeira. As diárias custam a partir de US$ 40, e incluem a taxa de entrada de US$ 1.
Montanhismo
A duas horas de ônibus da capital, está o portão de entrada do Parque Nacional Kinabalu.
O clímax é atingir o topo do monte Kinabalu, de 4.101 m de altura, para se sentir no telhado do Sudeste Asiático. Uma sensação inebriante, a uma temperatura de quase 0°C.
Para chegar até lá, é preciso escalar 2.500 m em 9 km de trilhas e penhascos, sempre na companhia de um guia oficial. O percurso é feito geralmente em dois dias.
A primeira fase atravessa a densa vegetação de árvores, samambaias e plantas carnívoras Nepenthes villosa, até o alojamento Laban Rata, a 3.300 m de altitude.
A segunda começa impiedosamente às 2h, quando o guia convida a deixar o beliche e enfrentar no escuro os 800 m finais, entre fantásticas cascatas e paredões de granito.
A vegetação desaparece a partir dos 3.500 m, deixando as rochas nuas acima das nuvens.
Desde 1984, a administração do parque vem melhorando o acesso ao cume, colocando degraus de madeira e cordas nos trechos mais íngremes. Mesmo assim, o enduro é muito mais custoso do que aparenta nos catálogos oferecidos pelas agências.
O enduro requer, no mínimo, boa condição física, articulações resistentes e fôlego para muitas horas de esforço.
O ar rarefeito dificulta a respiração. Nada para quem tem problemas de equilíbrio ou pressão.
O incentivo é saber que, todos os dias, dezenas de aventureiros se põem a caminho, ainda que a metade desista da empreitada no final da primeira etapa.
Registro
Todos os interessados precisam se registrar no quartel-general do parque ou no escritório federal, em Kota Kinabalu.
Taxa de entrada, seguro obrigatório contra acidentes, alojamento e o serviço de guia custam juntos US$ 32.
Ao marcar a excursão, o funcionário fornece um guia prático do percurso, que deve ser lido com antecedência.
Ele especifica o equipamento necessário (como lanterna, capa de chuva e luvas de couro), as normas do parque e descreve a geografia, flora e fauna da montanha mais alta do Sudeste Asiático.

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