São Paulo, quinta-feira, 25 de janeiro de 1996
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Chapada Diamantina ainda é terra sem lei

ROBERTO LINSKER
ESPECIAL PARA A FOLHA

A cachoeira da Fumaça está situada na divisa entre os municípios de Palmeiras e Lençóis, no interior da Bahia, a 400 km de Salvador, dentro do Parque Nacional da Chapada Diamantina, criado em 1985 e com a sua situação ainda hoje irregular.
Após dez anos de vigência apenas no papel, o parque apresenta inúmeros problemas decorrentes da falta de regulamentação e da inexistência de fiscalização.
Queimadas destroem regularmente extensas áreas, destruindo matas primárias de demorada regeneração, o gado pasta tranquilamente nos domínios federais e o garimpo mecanizado destrói impunemente leitos de rios e matas dentro e nas imediações do parque.
O domínio geomorfológico da Chapada Diamantina é rico em formações rochosas espetaculares e profuso em cachoeiras e rios. Essa é uma das razões que propiciam o afluxo à região de ecoturistas e amantes do trekking, que encontram nela todos os ingredientes para realizar sua aventura: longas caminhadas, cavernas, florestas, banhos de rio, vilarejos esquecidos pelo tempo e um contexto antropológico rico em história.
O povoamento da região teve início com a descoberta de ouro no século 17.
No século 19, os diamantes substituíram o metal e tornaram Lençóis a segunda cidade em importância na Bahia, perdendo somente para a capital, Salvador.
Os contrafortes da serra do Sincorá foram garimpados exaustivamente, e, como resultado, a região carrega o nome pelo qual hoje é conhecida: Diamantina.
Mas, como tudo acaba, o diamante também acabou. Desse ciclo restaram ruínas de um passado que beira o romantismo.
Andaraí, Mucugê, Igatu, Guiné, Lençóis, todas essas cidades representam ainda hoje a imagem de um passado brilhante que hoje somente as águas límpidas da chapada conseguem espelhar.

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