São Paulo, sexta-feira, 26 de janeiro de 1996
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Vicentinho prefere deixar CUT a romper o acordo

DENISE MADUEÑO; SHIRLEY EMERICK
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, ameaçou ontem deixar o comando da central se for forçado a negar os pontos do acordo que havia firmado com o governo sobre a Previdência.
"Em momento nenhum permitirei que a minha palavra seja quebrada. Isso é um prejuízo muito grande para a CUT. Um presidente de uma central que quebra a palavra... Eu prefiro, então, nesse caso, sair da central do que ter de quebrar a minha palavra. A CUT não merece isso", disse.
Vicentinho disse que não poderia recuar por causa de sua história de luta sindical, "como um cidadão brasileiro, como um nordestino, como alguém que tem uma história de luta".
A declaração de Vicentinho foi um aviso para os partidos de oposição, principalmente PT e PC do B, contrários ao acordo firmado entre o governo e as centrais.
O presidente da CUT fez essa afirmação pela manhã, ao chegar para a reunião com os partidos de oposição, preparatória para o Fórum sobre a Previdência, realizado ontem à tarde.
Ao contrário de Vicentinho, os partidos de oposição insistem na manutenção do tempo de serviço para efeito de aposentadoria. Vicentinho reafirmou que concorda com a troca de tempo de serviço por tempo de contribuição.
O presidente do PT disse que a mudança não vai alterar os critérios de comprovação usados hoje pelos trabalhadores para efeito de aposentadoria.
Os trabalhadores continuarão podendo provar que trabalharam nas mesmas bases do que é feito hoje, segundo Vicentinho. Ele citou como exemplo o fato de trabalhadores provarem tempo de serviço com testemunhas quando não há registro na carteira de trabalho.
Na semana passada, a posição de Vicentinho provocou um racha entre o PT e a central. As maiores críticas ao acordo partiram dos parlamentares do partido.
Vicentinho disse que só voltará atrás se os diretórios estaduais da central decidirem rever os pontos acordados com o governo.

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