São Paulo, sexta-feira, 26 de janeiro de 1996
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Para governistas, votação começa na 3ª

DENISE MADUEÑO; SHIRLEY EMERICK
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O fórum de debates da reforma da Previdência não avançou na negociação da proposta de emenda à Constituição. A oposição não conseguiu ampliar o debate, e o governo manteve o início do processo de votação para a próxima terça-feira. Mesmo assim os governistas afirmam que os pontos de convergência começarão a ser votados na comissão na terça-feira.
O presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, chegou a propor, com o apoio dos partidos de oposição, a suspensão da votação por 30 dias.
Ele apresentou dois argumentos: queria a participação dos empresários na discussão e tempo para consultar os diretórios estaduais da CUT sobre o acordo firmado entre as centrais e o governo. Os líderes governistas rejeitaram a proposta.
O único ponto acertado ontem, em uma reunião com momentos tensos, foi um novo encontro na próxima terça-feira, pela manhã, quando os partidos e as centrais vão definir os pontos de consenso.
A reunião, no entanto, não vai atrasar os trabalhos da comissão especial que analisa a emenda. Segundo os líderes governistas, os pontos de consenso poderão ser votados imediatamente.
"Se esperarmos 30 dias, podemos ter menos entendimento do que hoje. É um prazo muito longo. Haverá muitas pressões", disse o líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE).
A participação dos empresários e o pedido de tempo de Vicentinho fazia parte da estratégia da oposição, acertada em reunião pela manhã com o presidente da CUT, para adiar a votação da reforma.
O presidente da Força Sindical, Luiz Antônio de Medeiros, apoiou a disposição dos governistas de votar a reforma na próxima semana. "Para nós, é fundamental que comece a votação. Protelar favorece os privilegiados", disse.
"Trinta dias sem saber o que vai ser discutido e chamar os empresários é protelatório", reagiu o ministro Reinhold Stephanes (Previdência).
A divergência entre parlamentares governistas e de oposição provocou um bate-boca na reunião, segundo relato dos participantes.
A deputada Jandira Feghali (PC do B-RJ) insistiu da suspensão de 30 dias do processo de votação. Em resposta, Inocêncio afirmou que a deputada não estava participando do nível da negociação. Ofendida, a deputada retrucou que mais baixo era o nível do líder.
Outro momento de tensão também envolvendo o líder do PFL foi quando Vicentinho propôs a suspensão de 30 dias. Inocêncio Oliveira, alterando a voz demonstrando nervosismo, disse que a proposta era absurda.
Os parlamentares de oposição chegaram a levantar de seus lugares. Para acalmar o debate, o líder do PMDB, Michel Temer (SP), propôs nova reunião do fórum na terça-feira.
(Denise Madueño e Shirley Emerick)

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