São Paulo, sábado, 27 de janeiro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Construção civil é prioridade

GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A principal política do governo para a geração de empregos neste ano será aumentar os financiamentos oficiais à construção civil.
Para isso, a área econômica quer utilizar recursos de pelo menos R$ 4 bilhões.
Dessa forma, pretende-se contornar a única estimativa ruim na economia para 96: a previsão de aumento do desemprego e de um crescimento de 4% -que, se é relativamente alto em comparação ao resto do mundo (à exceção dos chamados "tigres" do Sudeste Asiático), é pouco diante das necessidades do país.
Pela retórica oficial, a estratégia principal de estímulo ao emprego deveria ser a redução dos encargos trabalhistas, que desestimulam os empresários a contratar. É o famoso "custo Brasil".
Todos sabem, porém, que tal reforma não passa logo no Congresso. Há muita resistência política. E é claro que o calendário eleitoral preocupa o governo -os partidos não querem ser acusados pelo aumento do desemprego.
Dentro desse raciocínio, avalia-se que a construção civil é o setor da economia capaz de responder mais rapidamente, em termos de contratação de mão-de-obra, à injeção de recursos e ao aquecimento da atividade.
Além de operar com mão-de-obra de baixa especialização, a construção sofreu com a retração da economia a partir do segundo semestre de 95 e fechou o ano em níveis recordes de desemprego em São Paulo.
Já há três fontes de recursos sendo preparadas para elevar os financiamentos ao setor imobiliário.
Até o ano passado, os setor ficou dependente dos recursos provenientes de repasses do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço).
A primeira e mais importante das fontes é justamente o FGTS, que terá seu orçamento elevado de R$ 1 bilhão, em 95, para R$ 4 bilhões.
Na própria área econômica há dúvidas se todo esse dinheiro poderá mesmo ser gasto ainda neste ano, devido aos entraves burocráticos.
Ainda assim, avalia-se que a injeção de pelo menos R$ 2 bilhões do fundo no financiamento habitacional já representará um bom avanço em relação ao ano passado.
Estuda-se no governo, também, a possibilidade de tomar dinheiro emprestado no exterior para financiar empreendimentos imobiliários destinados à população de renda mais alta.
Nesse caso, embora os juros externos sejam mais baixos, quem toma o dinheiro arca com o risco de uma alta do dólar.
Por fim, os repasses de dinheiro do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) devem ser elevados.
Pela legislação, o banco toma hoje o mínimo de 40% de recursos do fundos que devem ser empregados na geração de empregos.

Texto Anterior: EM VIAGEM
Próximo Texto: Paiva defende incentivo a diálogo direto
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.