São Paulo, sábado, 27 de janeiro de 1996
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Prisões desarticulam invasões no Pontal

LUIZ MALAVOLTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PRESIDENTE PRUDENTE

A decretação pela Justiça da prisão dos principais líderes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra) no Pontal do Paranapanema desarticulou o processo de invasões de fazendas da região que estava sendo retomado.
A prisão foi decretada anteontem pelo juiz-substituto de Pirapozinho, Fernando Marcondes. Foram detidos Diolinda Alves de Souza, Laércio Barbosa, Claudemir Cano e Felinto Procópio (o Mineirinho).
José Rainha Jr. e Márcio Barreto, que também tiveram prisão preventiva decretada, estão foragidos. Rainha soube da prisão em Salvador (BA), onde estava participando de um encontro do MST.
As seis lideranças do Pontal são acusadas de formação de quadrilha, devido às invasões das fazendas Santa Rita e São Domingos, em Mirante do Paranapanema.
Essas áreas foram invadidas no último dia 20. A Justiça concedeu reintegração de posse. Os sem-terra deixaram a São Domingos, mas permaneceram na Santa Rita.
Carlos Rainha, irmão de José Rainha Jr., disse à Agência Folha que sem a presença dos principais líderes, os sem-terra estavam sem tomar "novas decisões".
"Tudo vai entrar agora em compasso de espera", declarou. Eles pretendiam hoje iniciar o plantio nas terras da Fazenda Santa Rita, o que foi suspenso.
Até o final da tarde de ontem, a Justiça de Pirapozinho não havia recebido nenhum pedido de relaxamento da prisão preventiva dos líderes dos sem-terra.
Carta de Diolinda
O senador Eduardo Matarazzo Suplicy (PT-SP) esteve ontem em Presidente Prudente e em Álvares Machado. Encontrou-se com os quatro presos.
Mineirinho, Barbosa e Cano estão detidos na Cadeia Pública de Presidente Prudente. Diolinda, mulher de Rainha, encontra-se no Presídio Feminino de Álvares Machado.
Na ocasião, ela entregou ao senador uma "carta aberta" endereçada ao presidente Fernando Henrique Cardoso, ao presidente interino Marco Maciel, ao governador Mário Covas e ao juiz Marcondes.
Na carta, ela faz críticas a Covas, a quem acusa de não ter cumprido "sua parte" no plano de assentamento das 2.200 famílias de sem-terra no Pontal.
Diolinda pede "uma saída rápida" para o problema dos trabalhadores rurais e reivindica o assentamento dos acampados do Pontal.
Suplicy relatou que conversou com Marco Maciel sobre o assunto. "Ele também achou essas prisões um equívoco e pediu ao Ministério da Justiça para interceder", afirmou.
O juiz Marcondes não permitiu que a imprensa acompanhasse o encontro do petista com os sem-terra. Suplicy levou frutas e bolachas para eles.
As lideranças do MST, segundo o senador, relataram que, na terça-feira, estiveram com o juiz e que foram tratados com "deboche". Suplicy esteve com Marcondes, no Fórum de Pirapozinho. Ele disse que o juiz negou essa afirmação dos sem-terra.

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