São Paulo, sábado, 27 de janeiro de 1996
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Vieira condena violência; MST ironiza declaração

DO ENVIADO ESPECIAL A NOVA DÉLI; DO ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR

O ministro da Agricultura, José Eduardo de Andrade Vieira, declarou na Índia que a violência não é recurso válido em um país democrático. Segundo ele, a lei será aplicada contra qualquer grupo que empregue a violência.
O ministro afirmou que o governo está se esforçando para resolver os conflitos no campo. Segundo ele, "o governo tem feito assentamentos. Já assentou 42 mil. Há uma ofensiva para reduzir os conflitos".
Em Salvador, o dirigente do MST Gilmar Mauro reagiu com ironia às declarações da CNA: "Seria novidade se ele dissesse que os fazendeiros iam deixar de usar armas. Eles sempre estiveram armados".
Segundo ele, porém, o MST concorda que assentar simplesmente não é fazer reforma agrária. Para os sem-terra, o governo precisa colocar infra-estrutura, levar a agroindústria ao campo e colocar mais recursos para resolver a questão fundiária.
Sobre a alegação de que muitos dos sem-terra não têm vocação para ter uma propriedade rural, um dos principais líderes do MST, João Pedro Stedile, sempre pergunta: "Qual é a vocação do fazendeiro que tem terras, muitas terras, em Rondônia? Por que não mora em cima dela?"
Outro líder do MST, Enio Bohnenberger, rebateu Salvo usando estatística da ONU, que "comprovou que apenas 20% dos assentados" deixam seus lotes. Para ele, Salvo quer mais dinheiro para financiar os fazendeiros. "Mas eles já foram beneficiados em R$ 7 bilhões com a securitização da dívida."

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