São Paulo, sábado, 27 de janeiro de 1996
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Júri federal ouve Hillary sobre caso Whitewater

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

A primeira-dama dos EUA, Hillary Clinton, prestou depoimento ontem a um grande júri federal que investiga o caso Whitewater.
Foi a primeira vez na história do país que a mulher do presidente foi obrigada a comparecer a um tribunal para testemunhar.
Hillary, 48, falou com jornalistas antes de entrar na corte distrital de Washington às 14h locais (17h em Brasília). Três horas depois, ela ainda estava dentro do prédio.
Um grande júri federal é um grupo de cidadãos (no caso, 23), a quem cabe decidir se um crime foi cometido e quem deve ser indiciado por ele.
O promotor independente do caso Whitewater, Kenneth Starr, intimou Hillary Clinton para o grande júri resolver se houve crime de obstrução da Justiça por documentos por ele solicitados à Casa Branca há dois anos terem ficado desaparecidos até a semana retrasada.
Os documentos são recibos do escritório de direito Rose Law Firm, de Little Rock, Arkansas, ao qual Hillary era associada nos anos 80.
Eles podem ajudar a determinar qual foi o papel desempenhado por Hillary na defesa de James McDougal, seu ex-sócio, acusado de falência fraudulenta de um banco de poupança.
Hillary sempre afirmou que sua participação na defesa de McDougal foi mínima e marginal. Mas os recibos da Rose Law Firm podem provar o contrário.
Antes de entrar na corte distrital de Washington ontem, a primeira-dama disse que estava "feliz" por poder apresentar sua versão dos fatos à Justiça e "confiante" de que o júri se convenceria dela.
Antes, o porta-voz da Casa Branca, Michael McCurry, disse que Hillary iria ao tribunal com "a mesma disposição de quem vai ao dentista".
Hillary, que na década de 80 foi incluída na lista dos cem melhores advogados do país, enfrentou o grande júri sem a assistência de seu advogado pessoal, David Kendall.
A lei exige que testemunhas diante de grandes júris respondam às questões sem a presença de advogado. Mas elas podem se retirar da sala para consultarem seus advogados se acharem necessário.
Os depoimentos a grandes júris são secretos.
Além dos 23 jurados, do promotor e da testemunha, só um estenógrafo da corte acompanha os trabalhos.
Até as 17h locais (20h em Brasília), nada havia transpirado sobre como havia sido o testemunho de Hillary Clinton.

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