São Paulo, sábado, 27 de janeiro de 1996
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Encantamento pelo poder; Olho no Congresso; Racismo inexistente; Entrega; A pobreza de lá; O pai da idéia

Encantamento pelo poder
"Mais preocupante do que o suposto 'casamento' desta Folha com FHC é o 'encantamento' da mídia em geral pelo poder. O exemplo mais latente é a frequência irritante com que temas políticos de nenhuma relevância ocupam as páginas principais dos jornais. Não é preciso ser sábio para enxergar em muitas das atitudes desses nossos 'representantes' apenas o objetivo explícito de ocupar essas mesmas páginas, se possível com fotos coloridas. A mim, é deprimente ver, por exemplo, sempre um mesmo senador baiano desfilando pelos corredores de Brasília com um séquito de jornalistas ao seu redor, ávidos por ouvir a sua próxima 'malvadeza'. Acho pouco. Por pior que seja, o país merece mais compromissos da mídia com o seu futuro. Afinal, o que têm esses senhores a nos oferecer? O que, enfim, nos ofereceram até hoje? Não estarão os editores se sentindo meio que manipulados por esse interesse obsessivo de algumas de nossas figuras públicas de estarem sempre em exposição ao público? É recomendável um pouco mais de cuidados, nem tanto com o cancelamento de assinaturas, mas principalmente com a falta de uma maior influência dos leitores. Soou estranho, a mim pelo menos, a presença ostensiva de muitos desses nossos políticos na inauguração dos novos equipamentos desta Folha, bem como na infindável publicação de cumprimentos. Não teria faltado uma presença maior de 'mortais' nessa lista de congratulações?"
Luiz Serenini Prado (Goiânia, GO)

Olho no Congresso
"Com referência ao caderno Olho no Congresso (14/1), existem algumas considerações sobre minhas atividades parlamentares que devem ser feitas, a fim de melhor informar ao leitor. O referido caderno -aliás de grande mérito social- afirma que ultrapassei o limite de faltas na Comissão de Constituição e Justiça. Ocorre que durante 1995 existem apenas duas faltas não-justificadas; mas em ambas eu estava trabalhando: uma de 22/2, me encontrava em Brasília participando de atividade legislativa, e outra de 11/10, quando atuei como presidente do Tribunal contra o trabalho infantil, também em Brasília. As demais faltas foram devidamente justificadas, uma vez que fui designado representante da Câmara Federal em eventos da maior importância para a sociedade brasileira, tais como o Tribunal Internacional dos Povos (Itália), o Parlamento Europeu (Bélgica), e outras ausências foram decorrentes de tratamento médico. Reafirmo que tenho procurado honrar os meus eleitores da melhor forma, tornando-me uma das pessoas mais presentes e atuantes nos trabalhos legislativos da Câmara Federal, respeitando as propostas defendidas durante campanha."
Hélio Bicudo, deputado federal pelo PT-SP (Brasília, DF)

Nota da Redação - O deputado Hélio Bicudo (PT-SP) faltou a cinco reuniões consecutivas da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), em fim de março e início de abril. As atas das sessões do período não trazem justificativa das faltas do deputado. Nesse caso, segundo o regimento da Câmara, o deputado deveria ter sido desligado da comissão, como informou o caderno Olho no Congresso.

Racismo inexistente
"Me alegra saber que este jornal é o que menos erros comete na língua portuguesa. Infelizmente, seus redatores não apresentam acertos iguais quando precisam fazer referência a meu país, a Argentina. Na edição de 18/1, nosso herói nacional é mencionado com o nome errado de Juan de San Martín, sendo que foi batizado e o mundo todo o conhece como José (Francisco) de San Martín. Na campanha mencionada, o general San Martín liberou os povos do Chile e do Peru. A independência argentina foi conquistada com a Revolução de Maio de 1810, e formalmente declarada em 9 de julho de 1816, em San Miguel de Tucumán. Os fatos acima citados são históricos e fáceis de verificar, motivo pelo qual o erro é crasso, porém admissível. Em contrapartida, é 'ruim' o comentário assinado por Clóvis Rossi sob o título de 'Argentinos e brasileiros trocam atração e repulsa'. Devemos aceitar que nós, argentinos, tenhamos fama de arrogantes. Agradecemos que nos considerem 'europeus', na medida em que isso parece ser interpretado como 'cultos'. Pode-se aceitar que a 'exuberância tropical' nos apaixone. O que é verdadeiramente inadmissível é que os cidadãos argentinos sejam retratados como 'racistas no que diz respeito à cor da pele de muitos brasileiros'. O sr. Clóvis Rossi certamente não deve ser negro, pois se o fosse saberia que a imensa maioria dos argentinos não sente resistência alguma, e muito menos repugnância, por essa cor de pele. É triste que se queira atribuir a povos vizinhos defeitos que, na realidade, são próprios."
Andrés Campmany (Mar del Plata, Argentina)

Nota da Redação - Leia seção Erramos abaixo.

Entrega
"De que adianta ser o maior jornal do hemisfério, inaugurar um Centro Tecnológico e publicar cadernos sobre qualidade se o assinante a 90 km da capital paulista só consegue receber seu jornal às 10h (quando recebe), ou seja, quando não está mais em casa? De que adianta criar uma seção de reclamação do consumidor se você não conseguem nem atender ao seu próprio consumidor? De que adianta poder publicar um jornal todo colorido se ele não chega a quem o paga adiantado? De que adianta criar um telefone de atendimento ao assinante se esse assinante liga mais de dez vezes para fazer uma reclamação e ela não é resolvida? Talvez só sirva para criar estatísticas, essas coisas que vocês adoram. Eu, quando assino um jornal, não o faço para ganhar fita de vídeo, livrinhos, cartões de crédito etc., eu faço apenas para receber e ler o jornal. Um conselho: hoje em dia não adianta ter apenas um bom produto se o serviço a ele agregado é medíocre."
Marcelo Prista de Castro (São José dos Campos, SP)

Nota da Redação - Houve problema no sistema de entrega no bairro onde mora o leitor. O jornal se compromete a normalizar os horários em uma semana.

A pobreza de lá
"Com todos os problemas aqui já resolvidos, FHC faz sua 16ª viagem ao exterior. Além de ver muito hindu, a visita consiste, também, em conhecer as carências e dificuldades das massas de lá. Sua pobreza e suas misérias. Não deve ser nada agradável a FHC, que dirige um dos maiores PIBs, se defrontar com tais paisagens indianas."
Gilberto Motta da Silva (Curitiba, PR)

O pai da idéia
"Sugiro que este jornal informe corretamente os leitores quando tratar de leis e projetos em andamento no Congresso Nacional. Não é o que tem acontecido por exemplo com o tema do planejamento familiar, onde a Folha tem procurado e mencionado outros parlamentares e não o autor do projeto. Gostaria que este jornal informasse quem é o autor do PL 209/91 que resultou na aprovação do planejamento familiar, talvez uma das mais importantes iniciativas do Legislativo nos últimos tempos."
Reginalice C. Silva (São Paulo, SP)

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