São Paulo, domingo, 28 de janeiro de 1996
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Só cumprindo a lei; Batendo de frente; Do limão uma limonada; Opostos pelo vértice; Tom; Caso difícil; Criando jurisprudência; Contra o relógio; Cinco continentes; Calendário; Maldade brasiliense; Monarca relutante; Equilibrando as forças; Fome e vontade de comer; Sucessão paulistana; Desfazendo as malas

DO LIMÃO UMA LIMONADA

Só cumprindo a lei
Não foi à toa que o ministro Paulo Paiva falou em dificultar a demissão para enfrentar o desemprego. Desde 6 de janeiro vigora no Brasil a convenção 158 da Organização Internacional do Trabalho: proíbe demissões imotivadas.

Batendo de frente
Os sindicatos dizem que a 158 já está valendo e querem rever até mesmo demissões causadas pela recessão ao longo deste mês. O governo discorda. Diz que a convenção ainda precisa ser regulada por uma lei. Ações vão rolar.

O rebuliço entre sindicatos, empresários e ministério em torno da resolução da OIT já chegou ao Planalto. Ao lançar o movimento pelo emprego, FHC subverte o problema e tenta transformá-lo em solução. Só falta o pacto dar certo.

Opostos pelo vértice
O contraste não poderia ser maior entre o magro Maciel e o obeso Serjão. No estilo físico e no de fazer política. Daí o conselho do discreto vice para o exuberante ministro: "Evite ser manchete. Contente-se em ser notícia".

Tom
Paes de Andrade, presidente do PMDB, sente-se iludido por FHC. "O presidente mudou de posição sobre os ministros na campanha e isso, além de atingir sua imagem, vai prejudicar o governo em votações importantes no Congresso."

Caso difícil
Avaliação interna da Justiça sobre as chances de aprovação no Senado do projeto que transfere processos de PMs para a Justiça comum: se passar, será com emendas. Mesmo com o ministro Jobim empenhado na aprovação.

Criando jurisprudência
Deve sair amanhã decisão de Celso de Mello (STF) sobre a ação de inconstitucionalidade contra a tese de Paulo Afonso de cortar o salário do funcionalismo catarinense. O ministro sabe que outros governadores estão de olho.

Contra o relógio
O Ministério da Educação está no horário: até quinta, a FAE havia entregue 39% dos livros didáticos e atendido 52% dos municípios do país. Seu limite é 28 de fevereiro. Nunca o governo entregou o livro antes das aulas.

Cinco continentes
Está nos planos do Itamaraty e do Planalto uma viagem de FHC à África, no segundo semestre. O presidente deve ir à África do Sul e, no caminho, fazer um ato de diplomacia interna: visitar as tropas brasileiras em Angola.

Calendário
Segundo um levantamento feito pelo próprio Palácio do Planalto, de cada seis dias de 95, Marco Maciel foi presidente em um. Se continuar nesse ritmo de viagens, é capaz de FHC elevar a média do vice para cinco por um.

Maldade brasiliense
Andando pela Índia e vendo os animais sagrados pelas ruas, um membro da comitiva brasileira se lembra da questão de fé que fez FHC perder a eleição de prefeito e pergunta a outro: "Será que o presidente acredita em vaca?"

Monarca relutante
FHC anda tropeçando nas próprias palavras. Ao amigo francês Alain Touraine, disse que o presidente, no Brasil, "tem um poder quase imperial". Dias depois, na Espanha, disse que parecia mais com a rainha da Inglaterra.

Equilibrando as forças
Idealizadora do Sivam, a SAE segue tentando cuidar dos tais assuntos estratégicos. Agora, a secretaria vai retomar o projeto Calha Norte, do Exército, na Amazônia. Com o Sivam, a Aeronáutica ia ficar soberana na região.

Fome e vontade de comer
Entre caciques do PSDB cresce a cada dia a avaliação de que Serjão quer ser candidato a prefeito paulistano. Por ora, ainda é impossível dizer se trata-se de uma análise fria, ou de vontade de ter um nome de peso para concorrer.

Sucessão paulistana
Resignado sem a reeleição, Maluf pende para Celso Pitta como seu candidato. Mas o quadro ainda pode mudar. Tuma, por exemplo, aposta que PPB, PFL e PSDB terão candidatos fracos e vão apoiá-lo contra Rossi e o PT.

Desfazendo as malas
Mais de uma semana após a atrapalhada operação do governo, a nomeação do novo presidente da Conab continua indefinida. Parte do PPB se rebelou contra a indicação feita pelo grupo de Pauderney Avelino. Sobrou para FHC.

TIROTEIO
- Não adiante encarecer as demissões se as empresas estão quebradas. Em São Paulo há quinze metalúrgicas que pediram para parcelar o pagamento das rescisões de contrato por falta de dinheiro. É preciso mudar toda a legislação.

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