São Paulo, domingo, 28 de janeiro de 1996
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Brasileiro na Internet está a um clique de lojas e serviços

MARIA ERCILIA
DA FOLHA ONLINE

O usuário brasileiro da Internet já encontra bancos, lojas de departamentos e de informática, catálogos de livros e até floriculturas à distância de um simples clique.
As empresas começam a fincar bandeiras no comércio eletrônico, antes mesmo de o público atingir massa crítica (estima-se que o número de usuários da Internet no Brasil esteja em torno de 150 mil).
"Não esperamos retorno para nosso investimento em Internet para menos de 12 meses", afirma Fernando Campos, diretor de assuntos corporativos da locadora de automóveis Localiza.
Apesar das precauções, o projeto da Localiza é bastante ambicioso. "Até fevereiro estaremos com 199 páginas de informação na Internet, em português, inglês e espanhol", afirma Campos. "O cliente poderá fazer reservas de qualquer canto do planeta." A empresa gastará R$ 100 mil no projeto.
A Localiza integrará suas 335 agências também via Internet, usando a rede para sua comunicação interna.
No momento a Localiza conta com uma página institucional no serviço Internet da Embratel.
"Várias empresas que nos procuram estão decepcionadas com sua primeira experiência na rede", diz Jorge Carcavallo, da produtora CST, que executa as chamadas "páginas" de informação na Internet. "Geralmente elas colocam um material institucional. Isso não atrai a atenção de ninguém."
A CST fez as páginas da loja de informática Plug Use. Com um design limpo e elegante, o endereço da Plug Use permite solicitar cotação de preços, acessar o catálogo da loja e fazer pedidos.
"Investimos R$ 20 mil nas páginas da loja", diz Pedro Mello, gerente da Plug Use. "Temos 42 páginas de informação. Os clientes pedem em média 30 cotações por dia através do serviço." Em média quatro destes acessos resultam em compras, fechadas por telefone.
Um dos grandes obstáculos ao comércio via Internet é a insegurança. Embora dê o número de seu cartão de crédito com tranquilidade para funcionários de telemarketing que nunca viu e entregue o cartão na mão de garçons em restaurantes com a mesma indiferença, o consumidor ainda hesita em fazer o mesmo na Internet.
As páginas da Plug Use ficam num computador em Chicago, da empresa WWA. Na Internet faz muito pouca diferença o local onde a "loja"está. O importante é garantir que ela conste dos índices de endereços mais procurados.
A presença do Mappin na Internet é parte de uma estratégia de "vendas alternativas" que inclui a TV Mappin e o telemarketing.
"Essas vendas já representam 2% do faturamento do Mappin". diz Sérgio Orciuolo, diretor do departamento de promoções.
"Desenvolvemos tudo dentro do Mappin", diz Orciuolo. Nossa única despesa são os R$ 150 por mês que pagamos ao nosso provedor de acesso, a Originet. Mas pretendemos ter um servidor próprio e estudamos a possibilidade de entrar no mercado de provimento de acesso à Internet."
Dentro de 60 dias o Mappin vai estrear novos produtos, numa tentativa de conquistar o atingir o consumidor internacional. "Duvido que o consumidor japonês vá querer comprar um produto Sony no Mappin", diz Orciuolo. "Mas ele pode querer, por exemplo, uma camisa do Palmeiras."
O Ponto Frio é a única empresa brasileira a fazer preços reduzidos para seus produtos na Internet. Segundo Carlos Alberto Lima, responsável pelo 'site' do Ponto Frio, "na Internet temos um computador, uma linha telefônica especial, o aluguel do provedor de acesso e só. No telemarketing, temos 30 operadores e três supervisores, um gerentes, uma central telefônica com 18 linhas etc."
O Ponto Frio vendeu apenas dez produtos desde sua entrada na rede. "Mas nem começamos a divulgar a página", afirma Lima. "Vamos anunciá-la esta semana."
A página da editora gaúcha L&PM foi feita pessoalmente por Ivan Pinheiro Machado, fundador da empresa. Nela pode-se consultar o catálogo da editora e pagar com cartão. "Em Porto Alegre e São Paulo entregamos em 24 horas", afirma Mariane Malinovski, responsável pelas vendas diretas.

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