São Paulo, domingo, 28 de janeiro de 1996
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Brasileiro administran US$ 60 bilhões em NY

Álvaro de Souza assume o "private bank" do Citi

DA REPORTAGEM LOCAL

Desde Carmem Miranda um brasileiro nascido em Portugal não fazia tanto sucesso nos Estados Unidos quanto Álvaro de Souza, executivo do Citibank na própria matriz, em Nova York.
Nascido no ex-império lusitano há 47 anos, Souza migrou para o Brasil aos quatro anos de idade e passou a infância em Santos (SP).
Hoje, US$ 60 bilhões depois, ele é o novo diretor mundial do "private bank", área que cuida da gestão das fortunas dos clientes milionários do Citi mundo afora.
Assim como em Hollywood, em Wall Street a medida do sucesso é financeira. Eis a de Souza: os US$ 60 bilhões que o "private bank" vai administrar sob sua batuta equivalem a cerca de 11% do PIB brasileiro.
É muito dinheiro, mas Souza -um dos seis homens do presidente, John Reed- quer mais, disse por telefone na seguinte entrevista à Folha:
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Folha - Qual é a sensação de pôr as mãos em US$ 60 bilhões?
Álvaro de Souza - Só vou saber em alguns dias, quando assumir o "private". Mas é sinal não só de sucesso em minha carreira, mas da importância estratégica dessa área para a organização. É uma coisa totalmente nova para mim. Sempre trabalhei junto às empresas.
Folha - O senhor é o único estrangeiro dentre os seis membros do "board" do Citi, que trabalham diretamente com John Reed?
Souza - Não. Um dos meus colegas, o Victor Menezes, é indiano. Curiosamente, ele fala português como eu, pois nasceu em Goa, ex-colônia portuguesa.
Folha - Há três anos, o senhor presidia o Citibank no Brasil, numa época em que a elevada inflação proporcionava lucros fantásticos aos bancos. Em que medida isso impulsionou sua carreira?
Souza - A vantagem do Brasil para os executivos, principalmente da área financeira, é a versatilidade que se ganha ao se trabalhar sob cenários múltiplos e instáveis. Desenvolve-se grande agilidade de pensamento e de tomada de decisões. Esse lado ajuda muito.
Folha - Depois de três anos no Olimpo de Wall Street, como o senhor vê o Brasil?
Souza - É emocionante ver que o país passou de esquecido para "darling" da comunidade financeira internacional. Acho que quem está aí nem sempre percebe o valor dessas coisas. Mas sempre mato as saudades de perto. Vou perder o Carnaval este ano, mas viajo em março para ver o Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1.
Folha - Qual sua meta para o ano 2000?
Souza - Dobrar nossa clientela e atingir US$ 200 bilhões em recursos pessoais de terceiros.

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