São Paulo, domingo, 28 de janeiro de 1996 |
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Base da campanha é alíquota única de 17%
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
Famílias de quatro pessoas que possuem rendimento anual inferior a US$ 36 mil ficariam isentas de imposto. Todas as deduções atuais seriam eliminadas e o desconto poderia ser feito na fonte se o contribuinte assim desejasse. O apelo popular da idéia é de que, com ela, os ricos teriam menos chances de enganar o fisco por meio de artimanhas, quase todos pagariam menos imposto e o preenchimento de formulários seria muito facilitado. Os críticos dizem que ela faria a dívida pública aumentar porque a Receita Federal sofreria um rombo (de pelo menos US$ 40 bilhões anuais, como admite Forbes, ou de até US$ 182 bilhões, conforme vários economistas). Para um governo com déficit orçamentário de US$ 163 bilhões (1995) e dívida pública de US$ 4,9 trilhões, o efeito -prevê a maioria dos analistas- poderia ser perto de catastrófico. Os adversários de Forbes também dizem que sua proposta vai favorecer muito mais os ricos, que hoje chegam a deixar até 27% dos seus rendimentos com o fisco do que a classe média baixa, que só paga 5%. A revista "Time" faz cálculos em sua edição desta semana mostrando que uma família com rendimentos anuais de US$ 1 milhão teria um abatimento de 68% no imposto a pagar se a fórmula de Forbes for adotada. Mesmo assim, a mensagem de Forbes parece estar ganhando mais e mais simpatizantes entre os milhões de norte-americanos que todos os anos sofrem com o frustrante dever de pagar seu imposto. Forbes argumenta que a diminuição de impostos vai gerar tamanho crescimento econômico que o buraco na Receita será compensado pelo aumento do consumo e, em consequência, dos demais impostos. Não foi assim que a coisa funcionou durante o governo Reagan, o último a executar grandes cortes no imposto de renda: a economia cresceu, mas a dívida e o déficit públicos estouraram. Forbes não é o único aspirante à candidatura do Partido Republicano a defender a alíquota única do imposto de renda em oposição às cinco faixas existentes atualmente. Seus rivais desafiam Forbes a mostrar como sua proposta afetaria seu próprio imposto a pagar. Mas, pelo menos por enquanto, ele vem se recusando a tornar públicas suas declarações de imposto de renda. Phill Gramm e Pat Buchanan tamém têm propostas similares (alíquota de 16% no caso de Gramm e 15% no de Buchanan). Mas os dois querem manter deduções e nenhum deles parece tão apaixonado pela tese como Forbes. A plataforma eleitoral de Forbes se concentra na idéia da alíquota única mas não se esgota nela e aí é que começam seus piores problemas com os eleitores republicanos: sua plataforma não é conservadora o suficiente. Por exemplo, Forbes é a favor do direito ao aborto nas primeiras 24 semanas de gravidez. Pai de cinco filhas e marido com fama de devoto, ele dá mais atenção às reivindicações feministas do que os seus oponentes. Forbes também se distancia do discurso nacionalista de Pat Buchanan e outros e advoga o livre comércio internacional, sem nenhum tipo de barreiras alfandegárias. Outra tese controvertida entre conservadores é a defesa que faz do restabelecimento do padrão ouro para o dólar, abolido pelo presidente Richard Nixon há mais de 20 anos. Além disso, Forbes se diz militante ambientalista e promete fechar diversos ministérios e demitir milhares de funcionários públicos federais. Texto Anterior: Naufrágio mata 220 na Nigéria, diz jornal; Bósnia deve libertar 323 prisioneiros; Índia acusa Paquistão de matar 19 fiéis; Reféns podem ser soltos no Iêmen Próximo Texto: Pai teve vida exuberante Índice |
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