São Paulo, segunda-feira, 29 de janeiro de 1996
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Desequilíbrio gera inflação e dívida pública

GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A sociedade paga a conta do desequilíbrio das finanças do governo de, pelo menos, duas formas diferentes: a inflação, que pode ser gerada por emissão de moeda para cobrir despesas do Tesouro, e o aumento da dívida pública, fator de elevação dos juros.
No caso do déficit federal brasileiro, que retornou com o governo Fernando Henrique Cardoso, acontece o segundo caso.
O dinheiro dos impostos deixou, no ano passado, de ser suficiente para cobrir todos os gastos federais, e a solução é pedir mais dinheiro emprestado aos bancos.
Gastos com salários
Não foram os gastos com saúde e educação que subiram de forma a gerar o déficit. Foram as despesas com salários -elevados no final do governo passado- e com os próprios juros da dívida.
Resultado: só por conta do déficit federal, a dívida pública junto ao setor financeiro se elevou em pelo menos R$ 7 bilhões em 95 -o suficiente para 14 meses de manutenção dos hospitais.
Quanto mais o governo precisa se endividar, menos dinheiro os bancos têm para emprestar às empresas e aos consumidores. Isso significa produção menor, com efeitos negativos sobre a geração de empregos e a inflação.
Mais: como todos sabem que o governo não tem, no momento, condição de pagar sua dívida, os juros cobrados pelos bancos são mais altos. E os juros dos títulos públicos são o ponto de partida para as taxas cobradas no resto da economia.
No governo FHC, emitiu-se moeda para cobrir gastos do Tesouro em alguns meses de 1995, como setembro e dezembro.
Essa emissão, inflacionária, foi neutralizada com a venda de títulos no mercado -que, entretanto, fez crescer ainda mais a dívida pública.

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