São Paulo, segunda-feira, 29 de janeiro de 1996
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Palmeiras não joga a metade do que pode

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Na partida em direção ao título paulista, o Palmeiras saiu em disparada se comparado com o seu mais sério rival, o Santos, que ontem bateu o União na Vila, por apenas 1 a 0, gol, claro, de Giovanni. Por seu lado, o Palmeiras enfiou histórica goleada na Ferroviária: 6 a 1, por força da circunstância, já que as chances desperdiçadas alcançaram placar semelhante.
Só que o Palmeiras não jogou nem a metade do que é capaz, sobretudo porque se ressentiu da ausência de Rivaldo, embora Elivélton tenha ido bem. E aqui é que o Palmeiras se diferencia dos demais candidatos ao título -um banco ilustre, capaz de manter o nível técnico do time titular.
Por outro lado, o Santos parece ter sucumbido ao calor e à ausência de alguns titulares, entre eles Jamelli. Sim, porque mesmo compondo o meio campo, Jamelli é um atacante pela própria natureza. O que não é o caso de Marcelo Passos, um típico armador. Então, diante de um União bem mais sólido do que a Ferroviária que enfrentou o Palmeiras, o Santos não conseguiu desenvolver aquele futebol incisivo e lépido que marcou sua campanha no Brasileirão e até no Torneio de Verão, no início desta temporada.
Dominou o jogo, tocou a bola, criou duas chances, e só. Trata-se, porém, apenas do início. O que vale para todos.
*
São Paulo e Corinthians entraram no campeonato à meia força. Com uma pequena diferença: enquanto o tricolor arrancava um empate suado em Americana, os mosqueteiros recebiam uma estocada inesperada em Ribeirão, com o gol de empate de Paulo César, de cabeça, saltando entre Carlos Roberto e Ronaldo, o mesmo Ronaldo que já havia falhado no primeiro gol adversário.
Quer dizer: o São Paulo não conseguiu criar o clima de vitória; o Corinthians teve a vitória a seus pés, diante de um Botafogo sub judice, portanto, impossibilitado, pela ética, de participar desse torneio, mas entregou-a de bandeja.
É bem verdade que o jogo de Americana foi prejudicado pelo temporal que desabou sobre o estádio ainda no primeiro tempo. Mas não foi por isso que o São Paulo empatou. Empatou por sua dupla de zaga central: Gilmar, clara vítima da insegurança que o técnico e a diretoria vêm lhe transmitindo nos últimos tempos; Pedro Luís, vítima de seu futebol limitado e da má colocação na área.
Além do mais, um meio-campo sem imaginação, com o menino Edmílson atuando numa zona indecisa entre a defesa e a armação, quase nada fez para acionar um ataque veloz, envolvente e contundente, formado por Almir e Valdir.
Já o Corinthians, além das falhas fatais de Ronaldo nos dois gols, deu sinais trocados: um meio campo engenhoso, mas um ataque carente de goleador. Na verdade, nenhuma surpresa.
*
Dois gols olímpicos no sábado; dois gols de Djalminha e dois de Luisão, os estreantes do Palmeiras, no domingo. Sinais de um futebol que vai pegar fogo a partir da próxima rodada.

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