São Paulo, segunda-feira, 29 de janeiro de 1996
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Sony lança coletânea com o melhor e o pior do grupo Living Colour

ALCEU TOLEDO JÚNIOR
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O Living Colour está de volta. A banda encerrou suas atividade em 94, mas a gravadora Sony acaba de lançar "Pride".
O disco é uma coletânea que reúne 17 faixas de quatro discos diferentes, incluindo quatro músicas inéditas.
Tido como um dos inventores do "funk-o-metal" (estilo que mistura funk com som pesado), o Living Colour tinha no virtuosismo do guitarrista Vernon Reid seu principal ponto de referência.
Mas "Pride" pode decepcionar os fãs mais tradicionalistas.
A faixa "Love Rears Its Ugly Head", originalmente uma balada de fina sensibilidade, foi remixada e transformada em algo indigno de tocar até nas rádios mais comerciais.
Apesar dessa escorregada, há uma boa compensação. "Memories Can't Wait", do EP (extended play -disco com menos faixas que um normal) "Biscuits", veio em versão ao vivo.
Essa faixa mostra um Vernon Reid inspiradíssimo, como o que foi visto nos shows que realizou no Brasil.
Vernon Reid esteve no país quatro vezes: duas com o Living Colour (em 1992 no Hollywood Rock e em 1994 no Palace), uma com Naná Vasconcelos (no Heineken Concerts em 1994) e, a última, com sua atual banda de jazz-rock, a Masque, no Free Jazz de 1995.
Os pontos altos da coletânea "Pride" são as faixas "Cult of Personality" -uma gozação com ditadores como Mussolini e Hitler-, "Funny Vibe" -que fala sobre racismo- e "Type".
Por absoluta falta de critério da gravadora, ficou de fora a música "Elvis Is Dead", talvez o melhor trabalho do grupo, que conta inclusive com a participação de um dos pais do rock, o cantor Little Richards.
É curiosa a ascensão do Living Colour. Ao lado do Mothers Finest -talvez o verdadeiro inventor do "funk-o-metal", ainda nos anos 70-, Bad Brains, Fishbone e outros grupos formados por negros, o Living Colour foi o mais bem-sucedido comercialmente.
A banda chegou a excursionar com os Rolling Stones, emplacou vários hits e criou um visual black neo-psicodélico que inspirou muita gente.
Só que problemas pessoais entre Vernon Reid e o vocalista Corey Glover levaram a banda ao seu fim. E ao esgotamento do próprio estilo que os popularizou. Afinal, funk e metal são estilos praticamente inconciliáveis.

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