São Paulo, segunda-feira, 29 de janeiro de 1996
Texto Anterior | Índice

Poeta russo Josef Brodski morre aos 55 em Nova York

DA REPORTAGEM LOCAL; COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Ganhador do Nobel representava oposição aos soviéticos
O poeta russo e prêmio Nobel de literatura de 1987 Josef Brodski morreu ontem, aos 55 anos, em Nova York, Estados Unidos, em decorrência de problemas cardíacos.
A notícia, divulgada pela rede de TV NTV, foi confirmada pelo editor Roger Straus, da editora Farrar, Strauss and Giroux.
Brodski foi condenado em 64 pelo governo da então União Soviética, sob a acusação de ser "um parasita social". Com base em seu julgamento, o escritor brasileiro Millôr Fernandes criou a peça "Liberdade, Liberdade".
O poeta deixou seu país em 1973 e partiu em direção à América, onde se estabeleceu a terminou por ganhar a cidadania.
Brodski fez parte de uma geração de poetas e romancistas russos que de diferentes modos chegaram ao Ocidente como supostos "heróis" da resistência ao regime soviético.
Mas, diferentemente de outros poetas de sua geração, seu desacordo com o regime de seu país acontece quando sua opção pela poesia se choca com um sistema que -aos seus olhos- visava apenas à produtividade.
Um pouco como a primeira geração de poetas pós-revolução, da qual fez parte Maiakovski, Brodski acreditava que sua maior dádiva ao seu povo seria, acima de tudo, sua poesia.
Antes de sua ida para os EUA, um dos dados cruciais para a divulgação de seu trabalho no Ocidente foi amizade que manteve com um grupo de poetas e escritores europeus.
Uma amizade mantida especialmente com a brilhante geração dos britânicos W.H. Auden, Christopher Sherwood e, especialmente, Stephen Spender, morto no ano passado.
Em um recente número da revista "The New Yorker", Brodski escreveu um longo artigo como elegia dessa amizade. No parágrafo inicial se lembrava de como foi voltar ao Reino Unido para enterrar Spender.
Brodski contava assim sua chegada: "Quando desci do avião, chegando na imigração, um funcionário me perguntou se estava visitando o país por negócios ou prazer. Respondo perguntando: 'Como o senhor chamaria um funeral"'?
Em 1977, depois da publicação de "Belle Epoque", ganha o título de doutor em literatura pela Universidade Yale para, em seguida, se tornar membro da Academia e Instituto de Artes e Letras dos Estados Unidos.
Em 1981 recebeu um prêmio da fundação MacArthur. Nos anos seguintes escreveu obras para o teatro, como "Democracia", de 1989.

Texto Anterior: Ex-procurador em Cali é assassinado
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.